16 de dezembro de 2011

TIPOS DE DANÇA - 3a. parte: Da Dança Moderna à Valsa



Dança Moderna | Dança Popular |
Maxixe | Quadrilha | Sapateado | Valsa |

         Existem duas espécies mais importantes de dança: a teatral e a social.
         A teatral é encenada para entretenimento de espectadores. Dentro dela encontramos o balé, a dança moderna, danças folclóricas, os bailados dos musicais e o sapateado.
         Na dança social, os participantes dançam para o seu próprio prazer.
         Todos os tipos de dança envolvem movimento, energia, ritmo e criação. Movimento é a ação dos bailarinos quando usam o corpo para criar formas ordenadas; a energia fornece a força necessária para executar o movimento; ritmo é o padrão de tempo em torno do qual se realiza o movimento e a criação está relacionada com a forma visual apresentada pelo movimento do corpo do bailarino.

01. Dança Moderna
         A dança moderna apareceu no início do século XX e seus precursores procuraram maneiras mais modernas e pessoais de expressar idéias através da dança.
         Entre os pioneiros do movimento estão às americanas Isadora Duncan, Loie Fuller e Ruth St. Denis; o suíço Emile Jacques-Dalcrose; e o húngaro Rudolf von Laban.
Isadora Duncan era a mais espontânea, dançava descalça e vestia túnicas soltas que lhe davam liberdade de movimentos. Não permitia cenários que pudessem desviar a atenção da platéia. Isadora ignorava os movimentos convencionais; os seus eram inspirados pela natureza, pela música clássica e pelas tragédias gregas.
         As religiões orientais inspiraram as danças de Ruth St. Denin; ela e seu marido Ted Sahwn abriram uma famosa escola em Los Angeles, a Denishawn. Muitos de seus alunos, entre os quais Martha Graham, desenvolveram estilos mais pessoais e formaram suas próprias companhias.
         A dança moderna voltou ao início básico da dança, liberada de artifícios ou temas fantásticos. Era um meio do artista poder expressar seus sentimentos de um modo mais atual. Explora as possibilidades motoras do corpo humano, usa o dinamismo, o emprego do espaço e do ritmo corporal em movimentos. Os grupos de dança moderna normalmente são fundados por uma personalidade, que é seu coreógrafo e diretor, sendo por isso individualistas e tendo suas próprias características.
         A dança moderna se desenvolveu principalmente nos Estados Unidos, por não ter uma tradição clássica, e na Alemanha, pela particularidade do alemão gostar de manter suas características próprias evitando influências externas.

02. Dança Popular
         É a dança dos bailes, festas e outras reuniões sociais e incluem tanto as danças antigas, como a valsa, até as da moda da época atual.
         As primeiras danças populares, conhecidas como danças da corte, originaram-se entre os nobres europeus do século XII, a partir das danças folclóricas dos camponeses.
         Os passos de muitas danças populares foram registrados em papel e vêm sendo ensinados por mestres desde o século XV. É comum este tipo de dança se espalhar por vários países.
         Algumas foram consideradas chocantes quando surgiram, como no século XIX; muitas pessoas consideravam a valsa deselegante porque exigia maior contato com os pares; na década de 1920, dançar o jazz com o rosto colado era considerado pecaminoso.
         A maioria das danças populares representa uma moda passageira e fica ligada à época em que teve maior sucesso; às vezes é esquecida no período seguinte.

03. Maxixe
         Maxixe é uma dança urbana brasileira, normalmente instrumental, surgida em 1870, no Rio de Janeiro.
         Algumas pessoas acham que foi uma fusão da habannera (dança de origem afro-cubana) e da polca; outros dizem que é proveniente do lundu misturado também com a polca.
         É uma dança de par, com ritmo forte e andamento rápido e exige de seus participantes extrema agilidade na execução dos passos.
         Era considerada uma dança escandalosa, sendo por isso perseguida pela polícia, igreja, chefes de família e educadores. Para que pudesse ser tocado e dançado em casas de família, trazia o nome de tango brasileiro.
         O compositor Ernesto Nazaré ficou famoso com "seus tangos”: Odeon, Brejeiro e Sertaneja.
         O maxixe caiu em desuso, talvez por sua complicada coreografia. Esta dança foi a precursora do samba.

04. Quadrilha
         Quadrilha, dança de salão de origem européia do século XIX, chegou ao Brasil trazida pelos portugueses e pelas missões culturais francesas que estiveram no Brasil nesta época; fez grande sucesso no Rio de Janeiro na época da Regência, trazida por mestres de orquestras de danças francesas. Depois se popularizou acabando por tornar-se uma dança caipira, executada nas festas juninas.
         O acompanhamento musical da quadrilha é a sanfona; os participantes, sempre em pares, obedecem a comandos de um marcador, que mistura palavras francesas e portuguesas e é dividida em cinco partes.
         Cada etapa vai mostrando de um modo simbólico, o que se passa entre um homem e uma mulher, num momento de conhecimento e namoro. Existe o "en avant" e o "an arriê”, a indecisão dos parceiros, as mulheres que observam os homens e vice versa, os pares que passeiam, as dificuldades, como quando cai a chuva ou encontram uma cobra, a reunião de todos , os caracóis que são as pessoas que se cruzam pela vida, o túnel e por fim a grande confraternização. Normalmente a quadrilha termina num casamento, que apesar do tom caricato, simboliza a união do homem e da mulher e a esperança de uma nova vida.
         Toda esta simbologia teve origem há muitos séculos, quando os povos antigos festejavam a colheita no início do verão, que no Hemisfério Norte, correspondia ao mês de junho. Foram os romanos, tempos depois, que deram à antiga festa da Fertilidade, o nome de Junônias, em homenagem à deusa Juno, deusa-mãe, esposa universal, símbolo do amor conjugal, da fidelidade e da fertilidade.
         Quando o cristianismo foi implantado na Europa, depois de muito relutar, a Igreja aceitou algumas das festas pagãs, entre elas as Junônias.
         Interessante é notar que uma dança nascida há tantos séculos, no meio de um outro povo, apareceu em outro país com uma cultura tão diferente e conservou a mesma essência.

05. Sapateado
         O sapateado se originou da fusão cultural entre irlandeses e africanos. Sua primeira manifestação aconteceu na Irlanda, no início da Revolução Industrial. Nos pequenos centros urbanos, operários costumavam usar tamancos (Clogs) para isolar a intensa umidade que subia do solo e, como forma de diversão, reuniam-se nas ruas, tanto homens como mulheres, para uma animada competição, onde o vencedor seria aquele que conseguisse produzir os sons e ritmos mais variados com o bater das solas no chão de pedra. Esta diversão passou a ser popularmente conhecida como “ “Lancashire Clog “.
         Por volta de 1800, os tamancos foram substituídos por calçados de couro (Jigs) por serem mais flexíveis e moedas foram adaptadas ao salto e à biqueira para que o " sapato musical " soasse mais puro. Com o tempo, as moedas foram trocadas por plaquinhas de metal: os "taps".
         Os africanos enfatizavam a dança de formas diferentes, mas basicamente com os pés não criavam ritmos, pois dançavam descalços com o pé inteiro no chão. O ritmo era baseado no batuque e assim chegaram aos EUA, onde eram escravos e nas festas mantinham suas tradições.
         Em suas festas tradicionais, como não podiam tocar tambor, começaram a fazer mais ritmos corporais com as mãos, boca e pés. Isso os deixou mais curiosos com as danças européias (Jig e Clog), às quais eles já haviam assistido uma vez ou outra.
         Em 1830, Thomas Rice, numa temporada de verão em Kentucky, apresentou-se com um número inédito baseado na minuciosa observação que teve de "Jim Crow", um dos negros que trabalhava para o teatro. Crow tinha um caminhar desengonçado tanto pela sua idade avançada como por uma forte rigidez muscular numa das pernas e nos ombros. Enquanto trabalhava, costumava cantar uma canção e no final dava três pulinhos muito dificultosos.
         Partindo deste fato, Rice pintou o rosto de preto, vestiu um macacão de carregador e, cantando a mesma canção conhecida então por "Jump, Jim Crow", dançou improvisando saltos e giros totalmente fora do convencional. O artista branco de cara negra começou a despontar em massa pelos Estados Unidos dando origem aos famosos "Shows de Menestréis".
         A primeira troca efetiva de talentos entre brancos e negros aconteceu em 1840, quando escravos recentemente livres e imigrantes irlandeses recém chegados se espalharam por vários pontos de Nova Iorque e, freqüentando os mesmos salões, começaram a trocar passos de "Irish Jig" e dança africana.
         Por volta de 1920, surgiu o Sapateado Americano. O desenvolvimento de sua história começou com os negros, mas o auge veio com as grandes produções do cinema entre 1930 e 1950, quando surgiram grandes nomes como Gene Kelly, Fred Astaire , Ginger Rogers e Eleonor Parker.
         O estilo adotado nos musicais é mais dançado com o corpo, utilizando técnicas de ballet , os braços e combinações tradicionais. No sapateado do negro americano, as batidas são mais rápidas, o corpo fica mais à vontade, no estilo próprio de cada um.
         Fred Astaire dançava os dois estilos de uma maneira surpreendente e perfeita, altamente clássico e com a velocidade dos negros.
         Como tudo, o sapateado também evoluiu e passou a ter outras formas. Savion, um dos maiores sapateadores do mundo, criou uma nova forma de sapatear mais forte e mais ousada com seu swing e musicalidade.
         O sapateado também pode ser chamado de instrumento de percussão, pois com batidas dos pés executam-se sons e melodias rítmicas bem variadas e ricas.
O sapateado é uma dança relaxante que não tem limite de idade, sexo e nem exige grande esforço para principiantes.

06. Valsa
         Dança de origem européia, surgiu na Áustria e Alemanha, inspirada no minueto e no laendler, dança alemã campestre antiga. A origem da palavra vem do alemão waltzen, que quer dizer dar voltas. É uma dança de compasso ternário, com três andamentos, rápido, moderado e lento.
         Quando a valsa apareceu, com seu ritmo alegre e envolvente, caiu no gosto popular, mas as classes da aristocracia e da alta sociedade a achavam imoral por ser dançada por pares entrelaçados, ficando proibida por décadas. Em 1815, com a derrota de Napoleão Bonaparte, aconteceu na Áustria o Congresso de Viena, uma reunião internacional com políticos e nobres, para restabelecer o equilíbrio europeu. Sigismund Neukomm, músico austríaco, encarregado da parte musical deste encontro, introduziu a valsa nesta ocasião, passando então, a partir daí, a fazer parte de eventos que ocorreram em palácios e tornando-se uma das danças mais apreciadas no mundo ocidental.
         Lindas e suaves melodias foram então compostas. Entre outras surgiram: "Convite à Valsa", de Carl Maria Von Weber, a valsa de Chopin para o balé "Las Sylphides", "Viúva Alegre" de Franz Lehar e as famosas valsas vienenses de Strauss, como o conhecido Danúbio Azul.
         Em 1816, Neukomm chegou ao Brasil, onde foi professor de harmonia e composição do Príncipe D. Pedro. Em seus arquivos constam referências sobre as primeiras valsas compostas no país de autoria do futuro Imperador do Brasil, D. Pedro I. Apesar de agradar a nobreza no Brasil, a valsa logo se difundiu por todas as classes sociais, e fez sucesso não só na música erudita mas também na popular e folclórica. Entre os compositores brasileiros que se destacaram neste gênero temos: Villa Lobos, Carlos Gomes, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré, Pixinguinha, Tom Jobim e Chico Buarque, entre outros.
         Atualmente a valsa sempre está presente em bailes de formatura e casamentos.

Fonte: