16 de dezembro de 2011

Cinema - História


01. Introdução

Dois desejos profundos e contraditórios se reconciliam no espírito do espectador de cinema: viver grandes aventuras no espaço e no tempo e, simultaneamente, aconchegar-se num ambiente acolhedor, a salvo de todo o perigo externo, em silêncio e na obscuridade. Imobilizado na poltrona de uma sala de espetáculos, o homem do século XX viveu apaixonados romances e travou guerras sem conta.
Cinema, ou cinematografia, é a arte e a técnica de projetar imagens animadas sobre uma tela, por meio do projetor. Para isso, os momentos sucessivos que compõem um movimento são registrados por uma máquina filmadora em filme fotográfico, fita transparente e flexível revestida de emulsão fotográfica. Revelado o filme, a projeção dos fotogramas em seqüência mais rápida do que emprega o olho humano para captar as imagens faz com que a persistência destas na retina provoque sua fusão e produza a ilusão do movimento contínuo.

02. História
A história do cinema é curta se comparada à de outras artes, mas em seu primeiro centenário, comemorado em 1995, já produzira várias obras-primas. Entre os inventos precursores do cinema cabe citar as sombras chinesas, silhuetas projetadas sobre uma parede ou tela, surgidas na China cinco mil anos antes de Cristo e difundidas em Java e na Índia. Outra antecessora foi a lanterna mágica, caixa dotada de uma fonte de luz e lentes que enviava a uma tela imagens ampliadas, inventada pelo alemão Athanasius Kircher no século XVII.
A invenção da fotografia no século XIX pelos franceses Joseph-Nicéphore Niépce e Louis-Jacques Daguerre abriu caminho para o espetáculo do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na retina após ter sido vista.
Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison, desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio.
Os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses, conseguiram projetar imagens ampliadas numa tela graças ao cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película. Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895 no Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o público viu, pela primeira vez, filmes como La Sortie des ouvriers de l'usine Lumière (A saída dos operários da fábrica Lumière) e L'Arrivée d'un train en gare (Chegada de um trem à estação), breves testemunhos da vida cotidiana.

2.1 - Primórdios do filme mudo
Considerado o criador do espetáculo cinematográfico, o francês Georges Méliès foi o primeiro a encaminhar o novo invento no rumo da fantasia, transformando a fotografia animada, de divertimento que era, em meio de expressão artística. Méliès utilizou cenários e efeitos especiais em todos seus filmes, até em cinejornais, que reconstituíam eventos importantes com maquetes e truques ópticos. Dos trabalhos que deixou marcaram época Le Cuirassé Maine (1898; O encouraçado Maine), La Caverne maudite (1898; A caverna maldita), Cendrillon (1899; A Gata Borralheira), Le Petit Chaperon Rouge (1901; Chapeuzinho Vermelho), Voyage dans la Lune (1902; Viagem à Lua), baseado em romance de Júlio Verne e obra-prima; Le Royaume des fées (1903; O reino das fadas); Quatre cents farces du diable (1906; Quatrocentas farsas do diabo), com cinqüenta truques, e Le Tunnel sous la Manche (1907; O túnel do canal da Mancha).
Os pioneiros ingleses, como James Williamson e George Albert Smith, formaram a chamada escola de Brighton, dedicada ao filme documental e primeira a utilizar rudimentos de montagem. Na França, Charles Pathé criou a primeira grande indústria de filmes; do curta-metragem passou, no grande estúdio construído em Vincennes com seu sócio Ferdinand Zecca, a realizar filmes longos em que substituíram a fantasia pelo realismo. O maior concorrente de Pathé foi Louis Gaumont, que também criou uma produtora e montou uma fábrica de equipamentos cinematográficos. E lançou a primeira mulher cineasta, Alice Guy.
Ainda na França foram feitas as primeiras comédias, e nelas se combinavam personagens divertidos com perseguições. O comediante mais popular da época foi Max Linder, criador de um tipo refinado, elegante e melancólico que antecedeu, de certo modo, o Carlitos de Chaplin. Também ali foram produzidos, antes da primeira guerra mundial (1914-1918) e durante o conflito, os primeiros filmes de aventuras em episódios quinzenais que atraíam o público. Os seriados mais famosos foram Fantômas (1913-1914) e Judex (1917), ambos de Louis Feuillade. A intenção de conquistar platéias mais cultas levou ao film d'art, teatro filmado com intérpretes da Comédie Française. O marco inicial dessa tendência foi L'Assassinat du duc de Guise (1908; O assassinato do duque de Guise), episódio histórico encenado com luxo e grandiloqüência, mas demasiado estático.

2.2 – Hollywood
Em 1896, o cinema substituía o cinetoscópio e filmes curtos de dançarinas, atores de vaudeville, desfiles e trens encheram as telas americanas. Surgiram as produções pioneiras de Edison e das companhias Biograph e Vitagraph. Edison, ambicionando dominar o mercado, travou com seus concorrentes uma disputa por patentes industriais.
Nova York já concentrava a produção cinematográfica em 1907, época em que Edwin S. Porter se firmara como diretor de estatura internacional. Dirigiu The Great Train Robbery (1903; O grande roubo do trem), considerado modelo dos filmes de ação e, em particular, do western. Seu seguidor foi David Wark Griffith, que começou como ator num filme do próprio Porter, Rescued from an Eagle's Nest (1907; Salvo de um ninho de águia). Passando à direção, em 1908, com The Adventures of Dollie, Griffith ajudou a salvar a Biograph de graves problemas financeiros e até 1911 realizou 326 filmes de um e dois rolos.
Descobridor de grandes talentos como as atrizes Mary Pickford e Lillian Gish, Griffith inovou a linguagem cinematográfica com elementos como o flash-back, os grandes planos e as ações paralelas, consagrados em The Birth of a Nation (1915; O nascimento de uma nação) e Intolerance (1916), epopéias que conquistaram a admiração do público e da crítica. Ao lado de Griffith é preciso destacar Thomas H. Ince, outro grande inovador estético e diretor de filmes de faroeste que já continham todos os tópicos do gênero num estilo épico e dramático.
Quando o negócio prosperou, acirrou-se a luta entre as grandes produtoras e distribuidoras pelo controle do mercado. Esse fato, aliado ao clima rigoroso da região atlântica, passou a dificultar as filmagens e levou os industriais do cinema a instalarem seus estúdios em Hollywood, um subúrbio de Los Angeles. Ali passaram a trabalhar grandes produtores como William Fox, Jesse Lasky e Adolph Zukor, fundadores da Famous Players, que, em 1927, converteu-se na Paramount Pictures, e Samuel Goldwyn.
As fábricas de sonho em que se transformaram as corporações do cinema descobriam ou inventavam astros e estrelas que garantiram o sucesso de suas produções, entre os quais nomes como Gloria Swanson, Dustin Farnum, Mabel Normand, Theda Bara, Roscoe "Fatty" Arbuckle (Chico Bóia) e Mary Pickford, que, em 1919, fundou, com Charles Chaplin, Douglas Fairbanks e Griffith, a produtora United Artists.
O gênio do cinema silencioso foi o inglês Charles Chaplin, que criou o inolvidável personagem de Carlitos, mescla de humor, poesia, ternura e crítica social. The Kid (1921; O garoto), The Gold Rush (1925; Em busca do ouro) e The Circus (1928; O circo) foram os seus filmes longos mais célebres do período. Depois da primeira guerra mundial, Hollywood superou em definitivo franceses, italianos, escandinavos e alemães, consolidando sua indústria cinematográfica e tornando conhecidos em todo o mundo comediantes como Buster Keaton ou Oliver Hardy e Stan Laurel ("O gordo e o magro"), bem como galãs do porte de Rodolfo Valentino, Wallace Reid e Richard Barthelmess e as atrizes Norma e Constance Talmadge, Ina Claire e Alla Nazimova.

2.3 - Realistas e expressionistas alemães
Em 1917 foi criada a UFA, potente produtora que encabeçou a indústria cinematográfica alemã quando florescia o expressionismo na pintura e no teatro que então se faziam no país. O expressionismo, corrente estética que interpreta subjetivamente a realidade, recorre à distorção de rostos e ambientes, aos temas sombrios e ao monumentalismo dos cenários. Iniciara-se em 1914 com Der Golem (O autômato), de Paul Wegener, inspirado numa lenda judaica, e culminou com Das Kabinet des Dr. Caligari (1919; O gabinete do Dr. Caligari), de Robert Wiene, que influenciou artistas do mundo inteiro com seu esteticismo delirante. Outras obras desse movimento foram Schatten (1923; Sombras), de Arthur Robison, e o alucinante Das Wachsfigurenkabinett (1924; O gabinete das figuras de cera), de Paul Leni.
Convictos de que o expressionismo era apenas uma forma teatral aplicada ao filme, F. W. Murnau e Fritz Lang optaram por novas vertentes, como a do Kammerspielfilm, ou realismo psicológico, e o realismo social. Murnau estreou com o magistral Nosferatu, eine Symphonie des Grauens (1922; Nosferatu, o vampiro) e destacou-se com o comovente Der letzte Mann (1924; O último dos homens). Fritz Lang, prolífico, realizou o clássico Die Nibelungen (Os Nibelungos), lenda germânica em duas partes; Siegfrieds Tod (1923; A morte de Siegfried) e Kriemhildes Rache (1924; A vingança de Kremilde); mas notabilizou-se com Metropolis (1926) e Spione (1927; Os espiões). Ambos emigraram para os Estados Unidos e fizeram carreira em Hollywood.
Outro grande cineasta, Georg Wilhelm Pabst, trocou o expressionismo pelo realismo social, em obras magníficas como Die freudlose Gasse (1925; A rua das lágrimas), Die Büchse der Pandora (1928; A caixa de Pandora) e Die Dreigroschenoper (1931; A ópera dos três vinténs).

2.4 - Vanguarda francesa
No fim da primeira guerra mundial ocorreu na França uma renovação do cinema que coincidiu com os movimentos dadaísta e surrealista. Um grupo liderado pelo crítico e cineasta Louis Delluc quis fazer um cinema intelectualizado mas autônomo, inspirado na pintura impressionista. Nasceram daí obras como Fièvre (1921; Febre), do próprio Delluc, La Roue (1922; A roda), de Abel Gance, e Coeur fidèle (1923; Coração fiel), de Jean Epstein. O dadaísmo chegou à tela com Entracte (1924; Entreato), de René Clair, que estreara no mesmo ano com Paris qui dort (Paris que dorme), no qual um cientista louco imobiliza a cidade por meio de um raio misterioso. Entre os nomes desse grupo, um dos mais brilhantes é o de Germaine Dulac, que se destacou com La Souriante Mme. Beudet (1926) e La Coquille et le clergyman (1917).
A vanguarda aderiu ao abstracionismo com L'Étoile de mer (1927; A estrela do mar), de Man Ray, e ao surrealismo com os polêmicos Un Chien andalou (1928; O cão andaluz) e L'Âge d'or (1930; A idade dourada), de Luis Buñuel e Salvador Dalí, e Sang d'un poète (1930), de Jean Cocteau.

2.5 - Escola Nórdica
Os países escandinavos deram ao cinema mudo grandes diretores, que abordaram temas históricos e filosóficos. Entre os mais célebres estão os suecos Victor Sjöström e Mauritz Stiller e os dinamarqueses Benjamin Christensen -- autor de Hexen (1919; A feitiçaria através dos tempos) -- e Carl Theodor Dreyer, que, após Blade af satans bog (1919; Páginas do livro de Satã), dirigiu, na França, sua obra-prima, La Passion de Jeanne D'Arc (1928; O martírio de Joana D'Arc), e Vampyr (1931), co-produção franco-alemã.

2.6 - Cinema soviético
Nos últimos anos do czarismo, a indústria cinematográfica da Rússia era dominada por estrangeiros. Em 1919, Lenin, o líder da revolução bolchevique, vendo no cinema uma arma ideológica para a construção do socialismo, decretou a nacionalização do setor e criou uma escola de cinema estatal.
Assentadas as bases industriais, desenvolveram-se temas e uma nova linguagem que exaltou o realismo. Destacaram-se o documentarista Dziga Vertov, com o kino glaz ou "câmara-olho", e Lev Kuletchov, cujo laboratório experimental ressaltou a importância da montagem. Os mestres indiscutíveis da escola soviética foram Serguei Eisenstein, criador dos clássicos Bronenósets Potiomkin (1925; O encouraçado Potemkin), que relatava a malograda revolta de 1905; Oktiabr (1928; Outubro ou Os dez dias que abalaram o mundo), sobre a revolução de 1917; e Staroye i novoye (1929; A linha geral ou O velho e o novo), criticado pelos políticos ortodoxos e pela Enciclopédia soviética como obra de experimentos formalistas.
Discípulo de Kuletchov, Vsevolod Pudovkin dirigiu Mat (1926; Mãe), baseado no romance de Maksim Gorki; Konyets Sankt-Peterburga (1927; O fim de São Petersburgo) e Potomok Chingis-khan (1928; Tempestade sobre a Ásia ou O herdeiro de Gengis-Khan). O terceiro da grande tríade do cinema soviético foi o ucraniano Aleksandr Dovzhenko, cujos filmes mais aclamados foram Arsenal (1929), Zemlya (1930; A terra), poema bucólico, e Aerograd (1935).

2.7 - Cinema italiano
A indústria italiana do cinema nasceu nos primeiros anos do século XX, mas só se firmou a partir de 1910, com épicos. melodramas e comédias de extraordinária aceitação popular. O primeiro encontro entre a cultura e o cinema na Itália teve a participação do escritor Gabriele D'Annunzio e culminou quando ele se associou a Giovanni Pastrone (na tela, Piero Fosco) em Cabiria, em 1914, síntese dos superespetáculos italianos e modelo para a indústria cinematográfica da década de 1920. Nesse filme, Pastrone usou cenários gigantescos, empregou pela primeira vez a técnica do travelling, fazendo a câmara deslocar-se sobre um carro, e usou iluminação artificial, fato notável para a época.
Entre os títulos mais famosos do período estão   Quo vadis?, de Arturo Ambrosio, Addio giovinezza (1918; Adeus, mocidade) e Scampolo (1927), de Augusto Genina, ambos baseados em peças teatrais; Dante e Beatrice (1913), de Mario Caserini, versões de Gli ultimi giorni di Pompei (1913; Os últimos dias de Pompéia), de Enrico Guazzoni, e outros.

2.8 - Surgimento do cinema sonoro
Desde a invenção do cinema já se experimentava em vários países a sincronização de imagem e som. Edison foi o primeiro a conseguir o milagre, mas os produtores não se interessaram de imediato: a sonorização implicaria a obsolescência de equipamentos, estúdios e salas de espetáculos, além de altíssimos investimentos.
Nos Estados Unidos, onde Griffith começara a perder prestígio após dirigir Broken Blossoms (1919; O lírio partido) e Orphans of the Storm (1921; Órfãos da tempestade), a crise levava a falências e fusões de algumas produtoras e ao aparecimento de outras mais audaciosas. Hollywood crescia, o estrelismo era um fenômeno consagrado, com salários astronômicos pagos a atores e atrizes como William S. Hart, Lon Chaney e Gloria Swanson, mas nem sempre as receitas eram compensadoras.
A expressão mais requintada do cinema mudo em suas diversas vertentes provinha de cineastas do nível de Cecil B. DeMille, com The Ten Commandments (1923; Os dez mandamentos) e King of Kings (1927; O rei dos reis); Henry King, com Tol'able David (1921; David, o caçula) e Stella Dallas (1925); King Vidor, com The Big Parade (1925; O grande desfile) e The Crowd (1928; A turba); Erich Von Stroheim, com Foolish Wives (1921; Esposas ingênuas), Greed (1924; Ouro e maldição) e The Merry Widow (1925; A viúva alegre), além de Ernst Lubitsch, James Cruze, Rex Ingram, Frank Borzage, Joseph Von Sternberg, Raoul Walsh e Maurice Tourneur. Todos eles contribuíam para o progresso estético do cinema, mas dependiam totalmente dos poderosos chefes de estúdio e das rendas da bilheteria.
À beira da falência, os irmãos Warner apostaram seu futuro no arriscado sistema sonoro, e o êxito do medíocre mas curioso The Jazz Singer (1927; O cantor de jazz) consagrou o chamado "cinema falado", logo cantado e dançado. Dos Estados Unidos, os filmes sonoros se estenderam por todo o mundo, em luta com a estética muda. O cinema se converteu num espetáculo visual e sonoro, destinado a um público maior, e passou a dar mais importância aos elementos narrativos, o que levou a arte ao realismo e à dramaticidade do dia-a-dia.
Consolidado com obras como Hallelujah! (1929; Aleluia!), de King Vidor, e Applause (1929; Aplauso), de Rouben Mamoulian, o cinema sonoro resistiu à crise econômica da grande depressão e gradativamente enriqueceu gêneros e estilos. Mas Charles Chaplin, opondo-se ao sistema sonoro, continuou a criar obras-primas à base de pantomima fílmica, como City Lights (1931; Luzes da cidade) e Modern Times (1936; Tempos modernos).
Apesar da crise, Hollywood acreditou e investiu no país. A comédia, com Frank Capra, era a melhor representação do otimismo que sensibilizava os americanos, com obras aplaudidas como Mr. Deeds Goes to Town (1936; O galante Mr. Deeds), You Can't Take It With You (1938; Do mundo nada se leva) e Mr. Smith Goes to Washington (1939; A mulher faz o homem). Popularizaram-se também na década de 1930 os filmes de gângster, par a par com os westerns, que se aprimoravam e ganhavam enredos complexos. O problema do banditismo urbano, questão social grave, foi abordado em filmes de impacto como Little Caesar (1930; Alma do lodo), de Mervyn Le Roy, The Public Enemy (1931; O inimigo público), de William Wellman, e Scarface (1932; Scarface, a vergonha de uma nação), de Howard Hawks, biografia disfarçada de Al Capone.
Hollywood focalizou os heróis e vilões da saga da conquista do oeste em filmes de ação como Stagecoach (1939; No tempo das diligências) e muitos outros de John Ford; Raoul Walsh, que em 1930 já experimentava a película de setenta milímetros com The Big Trail (A grande jornada); King Vidor, com Billy the Kid (1930; O vingador); e ainda William Wellman, Henry King, Cecil B. DeMille, Henry Hathaway e outros.
Outras vertentes fluíram, como o musical de Busby Berkeley e a série dançante de Fred Astaire e Ginger Rogers; as comédias malucas e sofisticadas que consagraram Ernst Lubitsch, Leo McCarey, Howard Hawks, William Wellman, Gregory La Cava e George Cukor, além dos irmãos Marx, que dispensavam diretores; e os dramas de horror como Frankenstein (1931), de James Whale, Dracula (1931), de Tod Browning, Dr. Jekyll and Mr. Hyde (1932; O médico e o monstro), de Roubem Mamoulian, e The Mummy (1932; A múmia), de Karl Freund.
Finalmente floresceu o melodrama, com torrentes de sentimentalismo, dilemas morais e supremacia feminina. William Wyler destacou-se como diretor romântico em Wuthering Heights (1939; O morro dos ventos uivantes). Dentre outros realizadores que revigoraram o gênero figura o austríaco Josef Von Sternberg, responsável pela transformação da atriz alemã Marlene Dietrich em mito e símbolo sexual. Mas o melodrama teve em Greta Garbo sua maior estrela e nos diretores John M. Stahl, Clarence Brown, Frank Borzage e Robert Z. Leonard seus principais cultores.

2.9 - Realismo poético na França
A chegada do filme sonoro levou os diretores franceses a trocar a vanguarda experimental por uma estética naturalista, iniciada por René Clair com Sous les toits de Paris (1930; Sob os telhados de Paris).  Clair criou um estilo próprio de comentar a realidade com melancolia em Million (1931; O milhão), À nous la liberté (1932; Viva a liberdade) e outras comédias. Maior naturalismo apresentava a obra de Jean Renoir, que desvendou com violência, ironia e compaixão as fraquezas humanas em Les Bas-fonds (1936; Bas-fonds), La Grande Illusion (1937; A grande ilusão) e La Règle du jeu (1939; A regra do jogo), estes últimos votados pela crítica como dois dos maiores filmes do mundo.
O naturalismo e o realismo que dominaram a tela francesa na década de 1930 apresentava personagens das classes populares em ambientes sórdidos, tratados com poesia e pessimismo. Os diretores que participaram com realce dessa fase foram Marcel Carné, Jacques Feyder, Julien Duvivier, Pierre Chenal e Marc Allegret. No âmbito populista, o maior nome foi decerto o de Marcel Pagnol.

2.10 - Outras escolas
Na Alemanha, o cinema sonoro firmou-se com ex-discípulos do expressionismo, como Fritz Lang, que fez M (1931; M, o vampiro de Düsseldorf). O nazismo coibiu a criatividade e policiou fortemente a produção. Na Inglaterra revelou-se um mestre do suspense, Alfred Hitchcock, que iria para os Estados Unidos em 1936. John Grierson e o brasileiro Alberto Cavalcanti, que se iniciara na França como cenógrafo, roteirista e diretor, desenvolveriam uma importante escola documental que focalizava os problemas sociais.
Na Itália, apesar da censura fascista, que só incentivava aventuras históricas e melodramas inócuos, floresceu a comédia de costumes, uma tendência denominada "caligráfica" por suas características formalistas. Entre os títulos e autores desse período se destacaram Alessandro Blasetti, em Ettore Fieramosca (1938) e Un giorno nella vita (1946; Um dia na vida); Mario Camerini, com Gli uomini, che mescalzoni! (1932; Os homens, que velhacos!); Goffredo Alessandrini, Mario Soldati, Amleto Palermi e outros. Na União Soviética, o culto da personalidade e o "realismo socialista" impostos pelo stalinismo não impediram o aparecimento de cineastas que fizeram filmes de bom nível. Exemplos foram Olga Preobrajenskaia, com Tikhii Don (1931; O Don silencioso), Nikolai Ekk, com o mundialmente famoso Putyova v jizn (1931; O caminho da vida), e Mark Donskoi, com Kak zakalyalas stal (1942; Assim foi temperado o aço).

2.11 - Cinema no pós-guerra
Com o fim da segunda guerra mundial, o cinema internacional entrou numa fase de transição cujas principais características foram o repúdio às formas tradicionais de produção e um inédito compromisso ético dos artistas. Assumindo atitude mais crítica em relação aos problemas humanos, o cinema rompeu com a tirania dos estúdios e passou a procurar nas ruas o encontro de pessoas e realidades.
a) Itália
A queda do fascismo foi acompanhada de uma revolução estética consubstanciada no neo-realismo. De caráter político e social, os filmes desse movimento focalizavam situações dramáticas das camadas humildes da sociedade, com imaginação criadora e impressionante autenticidade. Luchino Visconti, com Ossessione (1942; Obsessão), abriu o caminho, consolidado com Roma, città aperta (1945; Roma cidade aberta), de Roberto Rossellini, sobre os últimos dias da ocupação nazista de Roma. Outros diretores desse ciclo foram Vittorio De Sica, autor de Ladri di biciclette (1948; Ladrões de bicicleta); Giuseppe de Santis, com Riso amaro (1948; Arroz amargo), e Alberto Lattuada, com Il mulino del Po (1948; O moinho do Pó).
As gerações seguintes de cineastas italianos formaram-se nessa tradição, mas imprimiram uma marca pessoal a suas obras: obsessões pessoais e fantasismo em Federico Fellini, realismo melancólico em Pietro Germi, consciência social em Francesco Rosi, contestação existencialista em Marco Bellocchio, intelectualismo desesperado em Pier Paolo Pasolini, angústia da incomunicabilidade em Michelangelo Antonioni.
b) Estados Unidos
Na década de 1940 destacou-se Orson Welles, que contribuiu para a arte do cinema com Citizen Kane (1941; Cidadão Kane), filme no qual utilizou recursos técnicos que revolucionariam a linguagem fílmica. A crise no cinema, motivada pela campanha anticomunista da Comissão de Atividades Antiamericanas, instigada pelo senador Joseph McCarthy, se aprofundou com a caça às bruxas e a intolerância levou ao exílio grandes cineastas como Charles Chaplin, Jules Dassin e Joseph Losey. Surgiram, no entanto, valores como John Huston, que se especializara em thrillers repletos de pessimismo como The Maltese Falcon (1941; Relíquia macabra), The Treasure of the Sierra Madre (1948; O tesouro de Sierra Madre) e The Asphalt Jungle (1950; O segredo das jóias).
A essa geração pertenceram Elia Kazan, também diretor de teatro, o austríaco Billy Wilder, autor de comédias e da amarga sátira Sunset Boulevard (1950; Crepúsculo dos deuses), e Fred Zinnemann, cujo maior êxito foi High Noon (1952; Matar ou morrer). Na década de 1950, a comédia musical experimentou grande impulso, graças ao requintado Vincente Minnelli, ao diretor Stanley Donen e ao dançarino Gene Kelly, responsáveis pelo esfuziante e nostálgico Singin' in the Rain (1952; Cantando na chuva) e o frenético e onírico On the Town (1949; Um dia em Nova York).
A popularização da televisão provocou séria crise financeira na indústria americana, ampliada pelo sucesso dos filmes europeus. Os produtores recorreram a truques como a tela panorâmica (Cinemascope), o cinema tridimensional e superproduções como Ben Hur (1959), de William Wyler. Mas em Hollywood ganhavam espaço os diretores intelectualizados, como Arthur Penn, John Frankenheimen, Sidney Lumet, Richard Brooks e outros. O maior expoente da época foi Stanley Kubrick, antimilitarista em Paths of Glory (1958; Glória feita de sangue) e futurista em 2001: A Space Odyssey (1968; 2001: uma odisséia no espaço).
O western utilizou o saber dos veteranos e se renovou com Anthony Mann, Nicholas Ray, Delmer Daves e John Sturges. A comédia de Jerry Lewis, no entanto,        jamais repetiu a inventividade da escola de Mack Sennett, Buster Keaton, Harold Lloyd e outros ases da slapstick comedy -- a comédia pastelão das décadas de 1920 e 1930.
Mais tarde, o fim dos grandes estúdios e, em parte, as exigências de um público jovem encaminharam para novos rumos o cinema americano. Uma visão independente e autocrítica do sistema de vida nos Estados Unidos tornou-se exemplar a partir da década de 1960 com Easy Rider (1969; Sem destino), de Dennis Hopper. Para satisfazer ao numeroso público juvenil, Steven Spielberg realizou espetáculos fascinantes, repletos de efeitos especiais e ação ininterrupta, como Raiders of the Lost Ark (1981; Caçadores da arca perdida) e E.T. (1982; E.T., o extraterrestre), enquanto George Lucas revitalizava o filão da ficção científica com o clássico Star Wars (1977; Guerra nas estrelas). Outros destaques cabem a Francis Ford Coppola e Martin Scorsese.
Finalmente, nas últimas décadas do século XX, enquanto a crise econômica avassalava os países subdesenvolvidos, incapazes de manter um cinema competitivo, os americanos reconquistaram faixas do público doméstico e disseminaram suas produções pela Europa, Ásia e nos países que emergiram da redistribuição geográfica decorrente do fim do bloco socialista. Tornaram-se freqüentes as refilmagens e as novas abordagens de antigos dramas românticos, ao lado da exploração contínua de fantasias infantis, violência e sexo.
c) França
Depois da segunda guerra mundial, poucos diretores antigos mantiveram intacto seu estilo. A renovação estava à vista, como davam a entender os filmes de René Clément. No final da década de 1950, um movimento chamado nouvelle vague, liderado pelos críticos da revista Cahiers du Cinéma, reivindicou um "cinema de autor" pessoal, de livre expressão artística. Era o naturalismo que regressava sofisticado. Entre os iniciadores estavam Claude Chabrol e François Truffaut, diretor de Les Quatre Cents Coups (1959; Os incompreendidos), e Jean-Luc Godard, com À bout de souffle (1959; Acossado). Foi Godard quem melhor sintetizou as aspirações dos novos cineastas.
Intelectualizado e personalíssimo, Alain Resnais, com roteiro do romancista Alain Robbe-Grillet, realizou L'Année dernière à Marienbad (1960; O ano passado em Marienbad), um jogo intelectual com o tempo e o espaço que homenageiava o experimentalismo do passado. Bertrand Tavernier homenageou Jean Renoir em Un dimanche à la campagne (1984; Um sonho de domingo).
d) Reino Unido
Enquanto o país se recuperava dos estragos causados pela guerra, consolidou-se a indústria cinematográfica, impulsionada pelo produtor Arthur Rank, que colaborou com o ator e diretor Laurence Olivier em Hamlet (1948). Carol Reed, com The Third Man (1949; O terceiro homem), e David Lean, com Lawrence of Arabia (1962), tornaram-se os mais inventivos e vigorosos dos cineastas britânicos.
Após o medíocre decênio de 1950, salvo por comédias de costumes saídas dos estúdios da Ealing, e o de 1960, no qual se destacaram os filmes dos Beatles e os dramas do grupo do Free cinema, a produção inglesa recuperou-se fugazmente com os filmes de Joseph Losey, Hugh Hudson e Richard Attenborough. Os dois últimos ganharam, com Chariots of Fire (1980; Carruagens de fogo) e Gandhi (1982), o Oscar da Academia de Hollywood.
e) Espanha
Até o fim da guerra civil, em 1939, o cinema espanhol foi pouco relevante. A ditadura do general Francisco Franco manteve a indústria cinematográfica sob controle oficial e voltada para as reconstruções históricas. Apesar da censura, na década de 1950 apareceram diretores que se inspiraram na tradição realista para fazer crítica social e estudos de comportamentos. É o caso de Luis García Berlanga, que em Bienvenido Mr. Marshall (1952) satirizava o mundo rural e a presença dos Estados Unidos na Espanha, e de Juan Antonio Bardem, com Muerte de un ciclista (1955). A partir da década de 1960, Carlos Saura tornou-se o nome de maior prestígio internacional, com adaptações da literatura, como Carmen (1983), e do teatro, como peças de Federico García Lorca. A década de 1970 seria marcada pela comédia dramática cultivada por diretores como Pedro Almodóvar e Fernando Trueba.
f) América Latina
Nos países de língua espanhola do continente americano verificou-se, após a segunda guerra mundial, um esforço de produção quase sempre frustrado pelas ditaduras locais. Ainda assim, mexicanos e argentinos tiveram momentos de glória. No México se destacaram Emilio Fernandez, vencedor do festival de Cannes com Maria Candelaria (1948), e o espanhol Luís Buñuel, que passou do surrealismo a um cinema eclético mas sempre iconoclasta e realizou, em seu exílio mexicano, filmes como Los olvidados (1950; Os esquecidos), El ángel exterminador (1962) e Simón del desierto (1965).
Na Argentina predominaram por algum tempo os dramas passionais e as comédias sentimentais, contra os quais reagiram os membros da nueva ola, a nouvelle vague argentina. Fernando Birri e Leopoldo Torre-Nilsson, com La casa del ángel (1957), foram seus mais importantes criadores. Anos depois, Luis Puenzo obteve, com La historia oficial (1984), o Oscar de melhor filme estrangeiro. A criação do Instituto Cubano de Cinema, em 1959, impulsionou a arte e a indústria, produzindo diretores como Humberto Solás e Tomás Gutiérrez Alea e o documentarista Santiago Álvarez.
g) Outros países, outras correntes
O cinema japonês, passou a ser admirado no Ocidente após o festival de Veneza de 1951, graças a Rashomon, de Akira Kurosawa.  Revelando rico passado, com múltiplas influências de teatro e tradições nacionais, desenvolveu-se com diretores de categoria: Mizoguchi Kenji, autor de Ogetsu monogatari (1953; Contos da lua vaga) e Kaneto Shindo com Genbaku noko (1952; Os filhos de Hiroxima). No cinema da Índia, onde a produção era enorme mas de pouco valor artístico, vale destacar Satyajit Ray, diretor de Pather Panchali, laureado em Cannes em 1956.
Nos países escandinavos o estilo do sueco Ingmar Bergman brilhou por quase três décadas, sempre explorando o aspecto existencial do ser humano em obras como Smultronstället (1957; Morangos silvestres), Det sjunde inseglet (1956; O sétimo selo) e muitos outros. Nos países do leste europeu, a orientação oficial para o realismo socialista foi superada por autores como o polonês Andrzej Wajda em Popiol i diament (1958; Cinzas e diamantes), o húngaro Miklós Jacsó em Szegenylegenyek (1966; Os desesperançados), e o soviético Andrei Tarkovski. Na antiga Tchecoslováquia, um cinema mais vigoroso apontou com seu supremo criador Milos Forman, principalmente com Lásky jedné plavovlásky (1965; Os amores de uma loura), êxito mundial que o conduziu a Hollywood.
Na Alemanha, a partir da década de 1960, progrediu um novo cinema de caráter crítico. Entre seus cineastas mais notáveis estavam Volker Schlondorff, Alexander Kluge, Rainer Werner Fassbinder, Win Wenders, Werner Herzog e Hans Jürgen Syberberg.

Fonte:
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Grandes Companhias de Dança



Alvin Ailey American Dance Theater
         Quando, em 1958, Alvin Ailey e um grupo de jovens negros de dança moderna se apresentaram com o balé "Blues Suites" em Nova York, o primeiro sucesso financeiro e da crítica, surgiu a Companhia de Dança Alvin Ailey. A fama veio bem rápido e foi o primeiro grupo de dança americano que se apresentou na Rússia depois de 50 anos, em 1970. Esta companhia se apresentou em Leningrado, recebendo uma ovação de mais de vinte minutos. É uma das mais marcantes referências da cultura norte americana. Em cada apresentação, por vários países, é apresentado um repertório moderno e novas criações, levando ritmos, movimentos e espetáculos que fascinam um público de todas as idades.

American Ballet Theatre
         É reconhecido como uma das grandes companhias de dança do mundo. Foi fundado em 1940 com o objetivo de desenvolver um repertório com os melhores e mais belos balés do passado e dar oportunidade de criação aos novos coreógrafos.
         Com a direção exuberante de Lucia Chase e Oliver Smith, de 1940 até 1980, o ABT desenvolveu um trabalho fantástico confirmando a importância histórica do balé do século XIX.
         Alguns dos trabalhos são "O Lago dos Cisnes", "A Bela Adormecida" e "Giselle". Ainda no repertório de absoluto sucesso constam os aclamados balés contemporâneos "Apollo" e "La Sylphide". Em 1980, o bailarino Mikhail Baryshnikov se tornou diretor artístico, continuando um trabalho estável e dedicado, reforçando a tradição clássica. Em 1992, o primeiro bailarino Kevin McKenzie foi apontado para a Diretoria e levou ao mundo as grandiosas performances da Companhia.
         O American Ballet Theatre coleciona coreografias dos mais conceituados e geniais coreógrafos do século XX. Essa Companhia, reconhecida internacionalmente, apresenta-se anualmente para mais de 600.000 pessoas na América e faz turnês para mais de 42 países do mundo.

Ballet de L'Opera de Paris
         A história do elenco do balé do Teatro Ópera de Paris data de 1661, quando a Academia Real de Dança foi fundada. Este corpo de baile está associado aos mais brilhantes nomes dos melhores bailarinos do mundo. Foi no palco deste teatro que Maria Taglioni apareceu pela primeira vez dançando na ponta dos pés. Para esta companhia não existe fronteira entre o contemporâneo e o clássico, todo seu repertório mistura com precisão o encanto dos grandes balés tradicionais com obras dos mais destacados projetos contemporâneos.

Ballet do Teatro Guaíra
         Grupo de dança contemporâneo criado em 1969 e mantido pelo estado do Paraná. Considerado um dos principais núcleos de criação coreográfica do Brasil, trabalha tanto com coreógrafos brasileiros como internacionais. Uma das suas criações mais famosas é o balé O Grande Circo Místico, com canções de Edu Lobo e Chico Buarque.

Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
         Formado em 1936, o Corpo de Baile do Theatro Municipal é uma companhia profissional e grandiosa que monta grandes obras do repertório de ballet. Tem um corpo de baile com quase 100 bailarinos e profissionais principais que incluem a lista dos maiores nomes do ballet nacional e internacional, como a extraordinária Ana Botafogo.
         Costumam apresentar-se no exterior, a convite de algumas das principais companhias e instituições da dança do mundo. Atualmente, o Diretor Artístico do Corpo de Baile é o bailarino Richard Cragun. O Ballet do Theatro Municipal conta ainda com o serviço da Escola de Dança Maria Olenewa, de onde saem os grandes talentos do balé brasileiro.

Ballet Nacional de Cuba
         Uma das mais famosas companhias de balé do mundo, o Ballet Nacional de Cuba, foi fundado em 1948, pela bailarina Alicia Alonso. O trabalho da companhia segue uma tradição romântica e clássica e estimula, ao mesmo tempo, o trabalho criativo de novos coreógrafos. Apesar de grande atividade dentro de seu país, onde tenta projetar socialmente sua arte a nível popular, o Ballet Nacional de Cuba excursiona por vários países da Europa, Ásia e América.

Ballet Stagium
         Companhia de dança contemporânea fundada em 1971 em São Paulo. Usando a técnica como meio e não como um fim, o Stagium estabeleceu-se com obras de conteúdo social, como Quarup, e em suas criações utiliza aspectos tipicamente brasileiros. Como suas produções se adaptam a vários tipos de espaço, faz apresentações em pátios, igrejas, favelas, hospitais, estações de metrô, entre outros. Vários compositores criaram partituras originais para suas coreografias, como também foi a primeira companhia de dança brasileira a usar músicas de compositores populares. Mantém em São Paulo um centro cultural com cursos de dança.

 Ballets Russes
         Esta famosa companhia de balé foi criada em 1909 por Sergei Diaghilev em São Petersburgo. Numerosos bailarinos e coreógrafos como Nijinski, Pavlova, Fokine e Serge Lifar, foram revelados por esta companhia, assim como também os compositores russos Stravinsky e Rimsky-Korsakov.
         Pintores famosos, como Picasso, Matisse e Braque, muitas vezes se inspiraram nos balés, como temas de sua pintura.
         A companhia fez numerosas turnês pelo mundo e, entre os grandes balés criados por ela, estão " Pássaro de Fogo" e " Sherazade" apresentados em 1910, ambos coreografados por Fokine e compostos por Stravinsky, o primeiro, e o outro por Korsakov.

Béjart Ballet Lausanne
         Esta companhia teve origem no Ballet do XXe siècle, criada em 1960 por Maurice Béjart em Bruxelas. Em 1985 ele deslocou-a para Lausanne e renomeou-a como Béjart Ballet Lausanne. Durante estes vários anos de atividade, este balé foi sempre um instrumento privilegiado de um dos coreógrafos mais criativos do século XX.
         A companhia composta de 35 bailarinos se apresenta nos grandes teatros do mundo, mostrando em suas coreografias, através de uma técnica clássica, as aspirações e interrogações atuais do mundo, despertando interesse cada vez maior nas diversas platéias mundiais.

Bolshoi Ballet
         Companhia de balé russa, sediada em Moscou e formada em 1776, famosa por um estilo de dança atlético e vigoroso.
         O balé de Bolshoi começou como uma escola de dança em 1773. No início do século XX, a companhia introduziu um realismo dramático nos balés clássicos. Em 1930 foi a vez de entrarem danças folclóricas em seu repertório.
         O Bolshoi sempre é aclamado pelo seu magistral conjunto, uniformidade de movimentos e realismo em cenários e figurinos.
         As produções mais aclamadas incluem versões modernas como, ""Spartacus", e também clássicos como "Lago dos Cisnes" e "Giselle".

Companhia de Dança Débora Colker
         Formada na década de 90, apresentou-se pela primeira vez com o espetáculo "Vulcano", que exibiu uma colagem de cenas com músicas populares. A companhia alcançou sucesso no seu segundo espetáculo, explorando a força, o equilíbrio e a flexibilidade do bailarino com coreografias dos esportes e da neurose urbana. Sua companhia foi a primeira a assumir o mercado cultural brasileiro e se expor para grandes públicos. Junta o popular e o erudito com extrema criatividade e abusa das tecnologias para a cena. A companhia tem como objetivo atrair e surpreender o público com novidades e acrobacias mirabolantes. Os espetáculos são sempre comunicativos, expressivos, divertidos e emocionantes. As coreografias têm velocidade, muito movimento, geometria e pura adrenalina. A Companhia de Dança Débora Colker entende como fundamental a técnica clássica para qualquer tipo de apresentação de dança.

Grupo Corpo
         Companhia de dança contemporânea fundada em 1975 em Belo Horizonte, pelos irmãos Pederneiras, tendo Paulo como diretor geral e artístico e responsável pela iluminação, Rodrigo, bailarino e coreógrafo e Miriam, ex-bailarina, assistente de coreografia e preparadora física.
         Rodrigo Pederneiras, em seus primeiros anos de trabalho, dedicou-se a fazer coreografias com músicas locais, e suas duas montagens de sucesso foram "Maria, Maria" e "Ultimo Trem", ambas com música de Milton Nascimento.
         A partir daí, o Grupo Corpo vem criando espetáculos de grande repercussão não só no Brasil mas também em vários países do mundo. A união da música com a dança é uma constante em todos os trabalhos.
         No exterior, o grupo obteve sucesso com coreografias para Prelúdios de Chopin e Canções de Richard Strauss.

 Joffrey Ballet
         O Joffrey Ballet foi fundado em 1954, em Nova Iorque, com um pequeno grupo de seis dançarinos que viajaram pela América com apresentações únicas em cada lugar visitado. Com um repertório original e inovador, Robert Joffrey e Gerald Arpino trouxeram para os americanos uma fórmula diferente de dançar e se apresentar, inclusive cantando. Enfrentando muitas dificuldades financeiras, Robert Joffrey dava aulas para poder pagar os salários dos dançarinos da Companhia. Em 22 de janeiro de 1957, a companhia de Joffrey se apresentou pela primeira vez num grande teatro e numa grande cidade, em Chicago. Foi o início de uma jornada que levou a Companhia ao redor do mundo e realmente consagrou internacionalmente o talento de Robert Joffrey e seus dançarinos através dos tempos. Seu estilo original elevou o balé americano do século XX. Joffrey marcou a cultura americana com um trabalho de vanguarda.

Kataklò
         Em 1995, Giulia Stacciolo, ginasta olímpica e bailarina do Momix, seu marido Andrea Zorzi, famoso jogador de vôlei, e um grupo de atletas e campeões olímpicos criaram o Kataklò Dance Athletic Theatre. Katatlò vem de uma antiga expressão grega que significa dançar dobrando e torcendo o próprio corpo. Estreou em 1996 com o espetáculo "Fair Play," que mostrava como juntar a dança e o esporte num show de graça, talento e criatividade. Foi apresentado na Copa do Mundo na França e nos Jogos Olímpicos de Sidney. Os artistas do Kataklò são conhecidos e apreciados por um público de todas as idades, línguas e diferentes culturas em todo o mundo; para eles o esporte foi o ponto de partida, escola de disciplina, sacrifício e devoção, e o teatro, o seu destino, a alegria e a arte. Sob a direção de Giulia e através de um trabalho sério de todo o elenco, Kataklò possui uma perfeição técnica sem perder a graça e a beleza.

Kirov Ballet
         Companhia russa de balé, da cidade de São Petersburgo, sucedeu o Balé Imperial Russo e herdou seu estilo elegante de dança.
         Sob a direção de Marius Petipa, a companhia estreou os balés de Tchaikovsky, "Bela Adormecida" e "Lago dos Cisnes".
         Ela entrou em declínio depois da Revolução Russa de 1917, mas a grande professora e mestra de balé Vaganova ajudou a preservar as tradições, treinando os principais bailarinos.
         Durante a guerra fria, a companhia experimentou tantas dificuldades que três de seus mais notáveis bailarinos, Natalia Makarova, Rudolph Nureyev e Mikhail Baryshnikov, fugiram para o Ocidente e ganharam reputação internacional. Desde a queda da União Soviética, a companhia tem produzido ao lado de seu repertório tradicional, balés de Balanchine e outros coreógrafos modernos.

Martha Graham Center of Contemporary Dance
         Fundada pela bailarina e coreógrafa Martha Graham em 1926, é uma das mais antigas e bem conceituadas companhias de dança contemporânea da América. Suas performances já chegaram a mais de 50 países, se apresentando nos teatros mais importantes do mundo. Seu corpo de bailarinos já participou também de filmes premiados, apresentações para a televisão e gravações para diversos videocassetes. A companhia de Martha Graham tem mais de 181 trabalhos coreografados e exibidos por ela e diversos outros coreógrafos convidados. Ela classifica sua dança como contemporânea devido à correlação com o mundo de hoje. Os membros de sua Companhia continuam seu trabalho com fidelidade aos propósitos estabelecidos pela fundadora.

Royal Ballet
         Companhia nacional de balé inglesa, fundada em 1931 por Ninette de Valois como o Vic-Wells Ballet.
         A companhia tornou-se mais tarde conhecida por Saddler's Wells Ballet antes de lhe ser concedido o nome atual por privilégio real em 1956.
É reconhecido por suas produções dramáticas, por um disciplinado corpo de baile e brilhantes apresentações de seus artistas principais.
         Sua primeira bailarina foi Alicia Markova e, além dela, se encontram entre os mais notáveis Margot Fonteyn e Rudolf Nureyev.

Stomp
         Stomp é uma companhia que apresenta uma combinação de percussão, movimento e performances cômicas inesperadas, criada em Brighton, Inglaterra em 1991.
         Foi o resultado de dez anos de um trabalho conjunto de seus criadores: Luke Cresswell, um percussionista autodidata, e Steve McNicholas, ator, músico e escritor.
A companhia possui vários grupos, que se apresentam ao redor do mundo; cada um deles tem seu próprio estilo, seu modo de sentir, isto porque mesmo que a apresentação seja fortemente coreografada e orquestrada, existe um grande espaço para que cada artista tenha oportunidade de brilhar individualmente. Cada apresentação demonstra tanto a performance vigorosa dos oito artistas quanto a marca estonteante do ritmo, que normalmente é marcado por objetos comuns usados no dia a dia das pessoas.
         O Stomp é ritmo, quase não há melodia, no verdadeiro sentido da palavra, e por isso não importa o gosto musical do espectador, pois ritmo é comum a todas as culturas.

Béjart Ballet Lausanne
         Esta companhia teve origem no Ballet do XXe siècle, criada em 1960 por Maurice Béjart em Bruxelas. Em 1985 ele deslocou-a para Lausanne e renomeou-a como Béjart Ballet Lausanne. Durante estes vários anos de atividade, este balé foi sempre um instrumento privilegiado de um dos coreógrafos mais criativos do século XX.
         A companhia composta de 35 bailarinos se apresenta nos grandes teatros do mundo, mostrando em suas coreografias, através de uma técnica clássica, as aspirações e interrogações atuais do mundo, despertando interesse cada vez maior nas diversas platéias mundiais. 

Fonte:

HISTÓRIA DA ARTE - 5a. Parte: Do Concreto a Arte Naif


IDADE CONTEMPORÂNEA

15. ARTE CONCRETA

ARTE FIGURATIVA, ARTE ABSTRATA E ARTE CONCRETA

“A arte é apenas um substituto enquanto a beleza da vida for deficiente. Desaparecerá proporcionalmente, à medida que a vida adquirir equilíbrio.” Piet Mondrian

            Em épocas passadas, quando o homem vivia em contato com a natureza, e quando ele mesmo era mais natural que hoje, exprimia seu pensamento com traços, combinações repetitivas e desenhos geométricos, que para ele simbolizava algo.
            Em geral, assim foi no inicio das civilizações, como podemos comprovar se observarmos os desenhos na arte cerâmica e nos outros utensílios de nossos índios.
            Gradativamente, o homem foi desenvolvendo o interesse por representar o mundo visível, imitando a natureza, e durante séculos este sistema foi sendo aperfeiçoado e adotado, principalmente na Arte Ocidental. Esculturas, pinturas e gravuras, deviam ser imagens da realidade.
            Entretanto, por uma série de razões históricas e estéticas, alguns artistas europeus no inicio do século 20, procuraram romper com todo um passado de arte figurativa, propondo uma nova maneira de representação.
            Para melhor entendimento da arte abstrata há duas tendências principais: uma mais lírica, subjetiva e espiritual e outra mais intelectual, da regra, da geometria, embora as duas tenham em comum uma raiz idealista e mística.
            Da primeira, é preciso lembrar-se do pintor russo Wassily Kandinsky (1886-1944), que já em 1910 fazia aquarelas abstratas. Para ele, toda forma tem um conteúdo, nela mesma, o artista se serve das formas como teclas de um piano, ao tocá-las “põe vibração a alma humana”. Um quadro pode emocionar como a música apenas pelas linhas, formas e cores, mas com autonomia do mundo visível, proporcionando liberdade de interpretação e estímulo para a imaginação.
            Da outra tendência, cujas idéias inspiram-se na perfeição das leis cientificas e matemáticas, podemos citar o artista, também russo, Malevitch (1878-1935), que em 1913 declara que: “Para libertar a arte do peso da subjetividade, me refugiei na forma do quadrado negro sobre um fundo branco, os críticos e o público se queixaram.”
            O expoente mais seguro do abstracionismo geométrico é Piet Mondrian, holandês (1872-1944), que expõe “a mais pura representação do Universo”, restringindo-se a linhas verticais e horizontais, limitando as cores para as primárias (azul, vermelho e amarelo) e não as cores como o branco e o preto.
            Por volta de 1930, com o desenvolvimento do abstracionismo dizer “arte abstrata” era impróprio, pois ela não abrangia representações tão diversas.
            Assim, nesse mesmo ano, o artista holandês Theo Van Doesburg, declara que: “Pintura concreta e não abstrata, pois nada é mais concreto, mais real que uma linha, uma cor, uma superfície... Uma mulher, uma árvore, uma vaca, são concretos no estado natural, mas no estado de pintura são abstratos, ilusórios, vagos, especulativos, ao passo que um plano é um plano, uma linha é uma linha, nem mais nem menos.”
            O movimento concretista encontra precedentes imediatos nos holandeses Mondrian e Theo Van Doesburg, que rejeitam a subjetividade e criam um idioma plástico universal. No movimento russo, o construtivismo, que além de uma arte visual e abstrata, propõem um arte integrada à ciência, à técnica, à transformação social. Na Bauhaus (Alemanha, 1919-1933), Escola Superior de Criação Industrial que leva a arte para o design.
            Seguidor das idéias de Theo Van Doesburg, Max Bill, nascido na Suíça, em 1908, dá continuidade ao concretismo a partir de 1936. Sediado na Suíça, o movimento espalha-se pela América Latina, Argentina e, posteriormente, Brasil e Alemanha.
            Em 1950, o MASP (Museu de Arte de São Paulo) organiza uma exposição do conjunto das obras de Max Bill – arquitetura, escultura e pintura –, que foi fundamental para o conhecimento da arte concreta no Brasil.

ARTE CONCRETA NO BRASIL

            A época da penetração e desenvolvimento da arte geométrica no Brasil coincide com a euforia de desenvolvimento do pós-2ª Guerra Mundial, com a implantação de indústrias nacionais como a automobilística, a criação da Petrobras, siderúrgicas, o crescimento das cidades e novos meios de comunicação, como a televisão.
            Importante lembrar que, no mesmo período, houve a criação do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1947, e do Museu de Arte Moderna (MAM), em 1948, que se empenharam em formar acervos e promover exposições.
            Fundamental citar também a criação da I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, que divulgou artistas nacionais e internacionais, proporcionando contato com diversas tendências internacionais. Na mesma data, já se esboçava o movimento concreto, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
            O marco histórico na Arte Concreta no Brasil é o Grupo Ruptura, paulista, que apresenta um manifesto em 1952, Manifesto Ruptura, lançado na exposição do MAM de São Paulo, e assinado por: Waldemar Cordeiro, artista e porta voz do grupo, Sacilotto, Lothar Charoux, Anatol Wladyslaw, Kazmer Féjer, Leopold Haar e Geraldo de Barros. Este grupo queria criar formas novas de princípios novos, baseavam-se numa teoria rigorosa.
            Em 1956 é realizada no MAM, São Paulo, a I Exposição Nacional de Arte Concreta, ocasião que é lançado o Manifesto da Poesia Concreta (interação de conceber o poema como um todo matematicamente planejado).
            Neste momento, as divergências entre os grupos concretistas Frente (Rio) e Ruptura (São Paulo) vêm à tona. Os artistas cariocas, sem abrir mão do vocabulário abstrato, querem liberdade de criação, sem o rigor dos paulistas.
            É o neoconcretismo, cujo manifesto aparece no catálogo da I Expo Neoconcreta (1959) com trabalhos de Amílcar de Castro, Ferreira Gular, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reinaldo Jardim e Théon Spanudis.

Os elementos principais do concretismo são:
  • Aspiração a uma linguagem de comunicação universal, com autonomia da arte com o mundo exterior.
  • Integração do trabalho de arte na produção industrial, crença na tecnologia.
  • Função social, informação a todos, aplicação em todas as áreas de comunicação visual, ao artista cabe contribuir de modo abrangente  para a socialização da boa forma, no design, na tipografia, etc.
  • Utilização tanto no suporte como na matéria prima de materiais industrializados, produzidos em série, como ferro, alumínio, tinta esmalte, etc.
  • Baseiam-se no rigor geométrico, na matemática, que estrutura ritmos e relações.
  • Eliminam o gesto, o sinal da mão. O desenho é preciso, feito com régua e compasso.
  • O concretismo conhece seu período mais ativo nos anos 50.

           LUIZ SACILOTTO (1924-2003) - Nasceu em Santo André, no ABC Paulista, em 1924, filho de imigrantes italianos. Formou-se no Instituto Profissional Masculino, no Brás, onde estudou técnicas diversas relacionadas às artes e ofícios, como desenho e pintura.
            Seu primeiro emprego, aos 17 anos, foi como desenhista de letras de alta precisão. Durante muito tempo atuou como desenhista técnico, trabalhou em escritórios de arquitetura e projetou esquadrias de alumínio para produção em série.
            Desenhava nas horas vagas, e seu aprendizado veio principalmente pelo seu profundo interesse em artes plásticas e pelas conversas com os amigos, também artistas. No início, seus trabalhos são figurativos. Paisagens e retratos de tendência expressionista, mas a partir de 1947 realiza suas primeiras experiências no domínio da abstração geométrica, sendo um dos pioneiros da arte concreta no País.
            Participa de exposições em São Paulo e no Rio de Janeiro, e em 1951, com apenas 27 anos, participa da I Bienal Internacional de São Paulo, estará presente ainda na II, III, IV, VI e VII Bienais Internacionais de São Paulo.
            Em 1952, participa da XXVI Bienal de Veneza e, em dezembro do mesmo ano, é um dos signatários do Manifesto do Grupo Ruptura, em São Paulo, e expõe com eles no MAM, SP.
            Em 1956, participa da I Exposição Nacional e Arte Concreta em São Paulo e no ano seguinte no Rio de Janeiro.
            Em 1960 está presente na Exposição Internacional de Arte Concreta, organizada por Max Bill Zurique, na Suíça, que projeta nossos artistas internacionalmente. É homenageado em 1968 com Sala Especial no I Salão de Arte Contemporânea de Santo André. Interrompe temporariamente seu trabalho criativo, e dedica-se à sua própria empresa de esquadrias metálicas. Recomeça com alguns estudos em guache e experimenta na década de 70 novas linguagens, como a serigrafia. A serigrafia é uma técnica plana em gravura, utilizada na indústria e feita com tinta gráfica, como silk em camisetas.
            Como figura central do concretismo continuou a participar de exposições nacionais e internacionais, ganhou vários prêmios, retrospectivas e teve suas obras expostas nos principais museus e coleções particulares.
            Sacilloto foi pintor, desenhista e precursor da escultura de vanguarda. Desde a década de 50 conquistava e pensava o espaço tridimensional a partir de desdobramentos do plano, revelando a complexidade do simples. Usava materiais industriais, como chapas de alumínio, de latão, de ferro, que ele cortava e dobrava, em constantes variações. Sua obra reflete seu pensamento claro e ordenado. Faleceu no dia 9 de fevereiro de 2003 no ABC paulista.

16. SURREALISMO

            Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira fantasiosa na realidade.
O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico.
            Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle.
A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas totalmente isentas de contradições.
            A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja, qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o subconsciente.
            O Surrealismo apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo. No entanto, se os dadaístas propunham apenas a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que viviam e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases. Os surrealistas pretendiam, dessa forma, atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente e do inconsciente. A fantasia, os estados de tristeza e melancolia exerceram grande atração sobre os surrealistas, e nesse aspecto eles se aproximam dos românticos, embora sejam muito mais radicais.

Principais artistas

            Salvador Dali - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas surrealistas. Estudou em Barcelona e depois em Madri, na Academia de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca e Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta. Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a se interessar pela psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a sua
obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi fundamental para sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton e se entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme O Cão Andaluz, que fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o conceito de “paranóia critica“  para referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas .Segundo ele, é preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos anos 30 foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes mestres. Instalou seu ateliê em Roma, embora continuasse viajando. Depois de conhecer em Londres Sigmund Freud, fez uma viagem para a América, onde
publicou sua biografia A Vida Secreta de Salvador Dali (1942). Ao voltar, se estabeleceu definitivamente em Port Lligat com Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo Paul Éluard. Desde 1970 até sua morte dedicou-se ao desenho e à construção de seu museu. Além da pintura ele desenvolveu esculturas e desenho de jóias e móveis.
            Joan Miró - iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja, em Barcelona. Em 1912 entrou para a escola de arte de Francisco Gali, onde conheceu a obra dos impressionistas e fauvistas franceses. Nessa época, fez amizade com Picabia e pouco depois com Picasso e seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante algum tempo. Em 1920 Miró instalou-se em Paris (embora no verão voltasse para Montroig), onde se formara um grupo de amigos pintores, entre os quais estavam Masson, Leiris, Artaud e Lial. Dois anos depois adquiriu forma La masía, obra fundamental em seu desenvolvimento estilístico posterior e na qual Miró demonstrou uma grande precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou radicalmente. Breton falava dela como o máximo do surrealismo e se permitiu destacar o artista como um dos grandes gênios solitários do século XX e da história da arte. A famosa magia de Miró se manifesta nessas telas de traços nítidos e formas sinceras na aparência, mas difíceis de serem elucidadas, embora se apresentem de forma amistosa ao observador. Miró também se dedicou à cerâmica e à escultura, nas quais extravasou suas inquietações pictóricas.

Para seu conhecimento
             “O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões fundamentais da vida?” (fragmento do Manifesto do Surrealismo de André Breton, francês que lançou o movimento).
No mesmo manifesto, Breton define Surrealismo: "Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento".

17. COBRA

            Movimento artístico criado na Holanda, Sigla de Copenhague-Bruxelas-Amsterdam, grupo artístico europeu que surgiu entre 1948 e 1951. Ligado esteticamente ao expressionismo figurativo, teve como principais representantes Asger Jorn, Karel Appel e Pierre Alechinski. Assim como as obras de Jackson Pollock essa pintura é gestual, livre, violenta na escolha de cores e texturas.

Principais Artistas:

            PIERRE ALECHINSKY, pintor e gravador belga. Um dos mais jovens integrantes do grupo Cobra, marcou sua obra pelo tachismo. Participou da XI Exposição Internacional do Surrealismo, em 1965.
            ASGER JORN, pintor dinamarquês. Sua obra é caracterizada pelo uso de cores vivas e formas distorcidas. Sofreu influência dos pintores James Ensor e Paul Klee.
            KAREL APPEL, pintor holandês. Criador de uma obra vigorosa e colorida, caracterizada pela figuração rude e simplificada. Realizou também esculturas em madeira e metal.

18. POP-ART

            Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação foi empregada pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura popular da civilização ocidental, sobretudo os que eram provenientes dos Estados Unidos.
            Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a tomar forma no final da década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras. 
            Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade. 
            Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, ela operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo em que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop Art. Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda, e tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a transformação do considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das massas, desmitificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos.

Principais Artistas:

             Rauschenberg (1925) Depois das séries de superfícies brancas ou pretas reforçadas com jornal amassado do início da década de 1950, Rauschenberg criou as pinturas "combinadas", com garrafas de Coca-Cola, embalagens de produtos industrializados e pássaros empalhados.
Por volta de 1962, adotou a técnica de impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas a grandes extensões da tela e unificava a composição por meio de grossas pinceladas de tinta. Esses trabalhos tiveram como temas episódios da história americana moderna e da cultura popular.
            Roy Lichtenstein (1923-1997). Seu interesse pelas histórias em quadrinhos como tema artístico começou provavelmente com uma pintura do camundongo Mickey, que realizou em 1960 para os filhos. Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características das histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, por exemplo, uma técnica pontilhista para simular os pontos reticulados das historietas. Cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço negro, contribuíam para o intenso impacto visual.
            Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a linguagem e as formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do contexto de uma história, aparecem como imagens frias, intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. O resultado é a combinação de arte comercial e abstração.
            Andy Warhol (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais controvertida do pop art, Warhol mostrou sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro.
            Produziu filmes e discos de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas e uma revista mensal.

NO BRASIL

            A década de 60 foi de grande efervescência para as artes plásticas no pais. Os artistas brasileiros também assimilaram os expedientes da pop art como o uso das impressões em silkscreen e as referências aos gibis. Dentre os principais artistas estão Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende, De Tozzi, Aguilar e Antonio Henrique Amaral.
             A obra de Andy Warhol expunha uma visão irônica da cultura de massa. No Brasil, seu espírito foi subvertido, pois, nosso pop usou da mesma linguagem, mas transformou-a  em instrumento de denúncia política e social.

19. OP-ART

            A expressão “op-art” vem do inglês (optical art) e significa “arte óptica”. Defendia para arte "menos expressão e mais  visualização". Apesar do rigor com que é construída, simboliza um mundo precário e instável, que se modifica a cada instante.
            Apesar de ter ganhado força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art; em comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das ciências do que das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto as da ciência e da tecnologia.

Principais artistas:

            Alexander Calder (1898-1976) - Criou os móbiles associando os retângulos coloridos das telas de Mondrian à idéia do movimento. Os seus primeiros trabalhos eram movidos manualmente pelo observador. Mas, depois de 1932, ele verificou que se mantivesse as formas suspensas, elas se movimentariam pela simples ação das correntes de ar. Embora, os móbiles pareçam simples, sua montagem é muito complexa, pois exige um sistema de peso e contrapeso muito bem estudado para que o movimento tenha ritmo e sua duração se prolongue.
            Victor Vassarely - criou a plástica cinética que se funda em pesquisas e experiências dos fenômenos de percepção ótica. As suas composições se constituem de diferentes figuras geométricas, em preto e branco ou coloridas. São engenhosamente combinadas, de modo que através de constantes excitações ou acomodações retinianas provocam sensações de velocidade e sugestões de dinamismo, que se modificam desde que o contemplador mude de posição. O geometrismo da composição, ao qual não são estranhos efeitos luminosos, mesmo quando em preto e branco, parece obedecer a duas finalidades. Sugerir facilidades de racionalização para a produção mecânica ou para a multiplicidade, como diz o artista; por outro lado, solicitar ou exigir a participação ativa do contemplador para que a composição se realize completamente como "obra aberta". 

20. GRAFFITI

            Definido por Norman Mailler como" uma rebelião tribal contra a opressora civilização industrial" e, por outros, como "violação, anarquia social, destruição moral, vandalismo puro e simples", o Grafite saiu do seu gueto - o metrô - e das ruas das galerias e museus de arte, instalando-se em coleções privadas e cobrindo com seus rabiscos e signos os mais variados objetos de consumo.
            A primeira grande exposição de Grafite foi realizada em 1975 no "Artist's Space", de Nova York, com apresentação de Peter Schjeldahl, mas a consagração veio com a mostra "New York/New Wave" organizada por Diego Cortez, em 1981, no PS 1, um dos principais espaços de vanguarda de Nova York. 

Características gerais:
* Spray art - pichação de signos, palavras ou frases de humor rápido, existe a valorização do desenho.
* Stencil art - o grafiteiro utiliza um cartão com formas recortadas que, ao receber o jato de spray, só deixa passar a tinta pelos orifícios determinados, valoriza-se a cor. 

Principal artista:

            Jean Michel Basquiat  - (1960-1988), nascido no Haiti, iniciou sua carreira grafitando as paredes e muros de Nova York. Seus grafites mostravam símbolos de variadas culturas, de obras famosas, e principalmente ícones da cultura e consumo americanos, principalmente no contexto político e social. As temáticas do seu trabalho refletem suas preocupações, como o genocídio, a opressão e o racismo. Com 21 anos participou da sua primeira coletiva em Nova York. Foi patrocinado por Andy Warhol (Pop Art), a partir daí virou celebridade. Morreu prematuramente em virtude de depressão e drogas. 
            No Brasil, destacam-se os artistas: Alex Vallauri, Waldemar Zaidler e Carlos Matuck, também se destacam artistas de vanguarda como: Os Gêmeos: Otávio e Gustavo, Boleta, Nunca, Nina, Speto, Tikka e T. Freak

21. INTERFERÊNCIA

            Como a pintura já não é claramente definível e deixou de ser a única fornecedora de memoráveis imagens visuais. Alguns artistas interferem na paisagem, colocam cortinas, guarda-sóis, embrulhos em locais públicos.
            Atualmente, ressaltamos Christo, o único artista que se destaca com suas interferências.
Obras Destacadas:: Cortina no Vale, Ponte Neuf (Paris) embrulhada para presente, Guarda-sóis colocados em um vale da Califórnia e mais recentemente o Reichstag (Parlamento Germânico em 1988 - Berlim), que foi envolvido em tecido sintético com duração de duas semanas. 

22. INSTALAÇÃO

            São ampliações de ambientes que são transformados em cenários do tamanho de uma sala.
É utilizada a pintura, juntamente com a escultura e outros materiais, para ativar o espaço arquitetônico.
            O espectador participa da obra, e não somente à aprecia.
            Obra Destacada: Homenagem a Chico Mendes do artista Roberto Evangelista.
 
Visite o site oficial do artista Christo e Jeanne Claude

23. ARTE NAÏF

            É a arte da espontaneidade, da criatividade autêntica, do fazer artístico sem escola nem orientação, portanto é instintiva e onde o artista expande seu universo particular. Claro que, como numa arte mais intelectualizada, existem os realmente marcantes e outros nem tanto. 
            Art Naif (arte ingênua) é o estilo a que pertence a pintura de artistas sem formação sistemática. Trata-se de um tipo de expressão que não se enquadra nos moldes acadêmicos, nem nas tendências modernistas, nem tampouco no conceito de arte popular. 
            Esse isolamento situa o art Naif numa faixa próxima à da arte infantil, da arte do doente mental e da arte primitiva, sem que, no entanto, se confunda com elas.
            Assim, o artista Naif é marcadamente individualista em suas manifestações mais puras, muito embora, mesmo nesses casos, seja quase sempre possível descobrir-lhes a fonte de inspiração na iconografia popular das ilustrações dos velhos livros, das folhinhas suburbanas ou das imagens de santos. Não se trata, portanto, de uma criação totalmente subjetiva, sem nenhuma referência cultural.
            O artista naïf não se preocupa em preservar as proporções naturais nem os dados anatômicos corretos das figuras que representa.

Características gerais:
· Composição plana, bidimensional, tende à simetria e a linha é sempre figurativa
· Não existe perspectiva geométrica linear.
· Pinceladas contidas com muitas cores.

Principal Artista:

            Henri Rousseau (1844-1910), homem de pouca instrução geral e quase nenhuma formação em pintura. Em sua primeira exposição foi acusado pela crítica de ignorar regras elementares de desenho, composição e perspectiva, e de empregar as cores de modo arbitrário. Estreou com uma original obra-prima, "Um dia de carnaval", no Salão dos Independentes. Criou exóticas paisagens de selva que lembram tramas de sonho e parecem motivadas pelos sentimentos mais puros. Nos primeiros anos do século XX, após despertar a admiração de Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Pablo Picasso, Robert Delaunay e outros intelectuais e artistas, seu trabalho foi reconhecido em Paris e posteriormente influenciou o surrealismo.

Fonte: