16 de dezembro de 2011

HISTÓRIA DA ARTE - 5a. Parte: Do Concreto a Arte Naif


IDADE CONTEMPORÂNEA

15. ARTE CONCRETA

ARTE FIGURATIVA, ARTE ABSTRATA E ARTE CONCRETA

“A arte é apenas um substituto enquanto a beleza da vida for deficiente. Desaparecerá proporcionalmente, à medida que a vida adquirir equilíbrio.” Piet Mondrian

            Em épocas passadas, quando o homem vivia em contato com a natureza, e quando ele mesmo era mais natural que hoje, exprimia seu pensamento com traços, combinações repetitivas e desenhos geométricos, que para ele simbolizava algo.
            Em geral, assim foi no inicio das civilizações, como podemos comprovar se observarmos os desenhos na arte cerâmica e nos outros utensílios de nossos índios.
            Gradativamente, o homem foi desenvolvendo o interesse por representar o mundo visível, imitando a natureza, e durante séculos este sistema foi sendo aperfeiçoado e adotado, principalmente na Arte Ocidental. Esculturas, pinturas e gravuras, deviam ser imagens da realidade.
            Entretanto, por uma série de razões históricas e estéticas, alguns artistas europeus no inicio do século 20, procuraram romper com todo um passado de arte figurativa, propondo uma nova maneira de representação.
            Para melhor entendimento da arte abstrata há duas tendências principais: uma mais lírica, subjetiva e espiritual e outra mais intelectual, da regra, da geometria, embora as duas tenham em comum uma raiz idealista e mística.
            Da primeira, é preciso lembrar-se do pintor russo Wassily Kandinsky (1886-1944), que já em 1910 fazia aquarelas abstratas. Para ele, toda forma tem um conteúdo, nela mesma, o artista se serve das formas como teclas de um piano, ao tocá-las “põe vibração a alma humana”. Um quadro pode emocionar como a música apenas pelas linhas, formas e cores, mas com autonomia do mundo visível, proporcionando liberdade de interpretação e estímulo para a imaginação.
            Da outra tendência, cujas idéias inspiram-se na perfeição das leis cientificas e matemáticas, podemos citar o artista, também russo, Malevitch (1878-1935), que em 1913 declara que: “Para libertar a arte do peso da subjetividade, me refugiei na forma do quadrado negro sobre um fundo branco, os críticos e o público se queixaram.”
            O expoente mais seguro do abstracionismo geométrico é Piet Mondrian, holandês (1872-1944), que expõe “a mais pura representação do Universo”, restringindo-se a linhas verticais e horizontais, limitando as cores para as primárias (azul, vermelho e amarelo) e não as cores como o branco e o preto.
            Por volta de 1930, com o desenvolvimento do abstracionismo dizer “arte abstrata” era impróprio, pois ela não abrangia representações tão diversas.
            Assim, nesse mesmo ano, o artista holandês Theo Van Doesburg, declara que: “Pintura concreta e não abstrata, pois nada é mais concreto, mais real que uma linha, uma cor, uma superfície... Uma mulher, uma árvore, uma vaca, são concretos no estado natural, mas no estado de pintura são abstratos, ilusórios, vagos, especulativos, ao passo que um plano é um plano, uma linha é uma linha, nem mais nem menos.”
            O movimento concretista encontra precedentes imediatos nos holandeses Mondrian e Theo Van Doesburg, que rejeitam a subjetividade e criam um idioma plástico universal. No movimento russo, o construtivismo, que além de uma arte visual e abstrata, propõem um arte integrada à ciência, à técnica, à transformação social. Na Bauhaus (Alemanha, 1919-1933), Escola Superior de Criação Industrial que leva a arte para o design.
            Seguidor das idéias de Theo Van Doesburg, Max Bill, nascido na Suíça, em 1908, dá continuidade ao concretismo a partir de 1936. Sediado na Suíça, o movimento espalha-se pela América Latina, Argentina e, posteriormente, Brasil e Alemanha.
            Em 1950, o MASP (Museu de Arte de São Paulo) organiza uma exposição do conjunto das obras de Max Bill – arquitetura, escultura e pintura –, que foi fundamental para o conhecimento da arte concreta no Brasil.

ARTE CONCRETA NO BRASIL

            A época da penetração e desenvolvimento da arte geométrica no Brasil coincide com a euforia de desenvolvimento do pós-2ª Guerra Mundial, com a implantação de indústrias nacionais como a automobilística, a criação da Petrobras, siderúrgicas, o crescimento das cidades e novos meios de comunicação, como a televisão.
            Importante lembrar que, no mesmo período, houve a criação do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1947, e do Museu de Arte Moderna (MAM), em 1948, que se empenharam em formar acervos e promover exposições.
            Fundamental citar também a criação da I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, que divulgou artistas nacionais e internacionais, proporcionando contato com diversas tendências internacionais. Na mesma data, já se esboçava o movimento concreto, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
            O marco histórico na Arte Concreta no Brasil é o Grupo Ruptura, paulista, que apresenta um manifesto em 1952, Manifesto Ruptura, lançado na exposição do MAM de São Paulo, e assinado por: Waldemar Cordeiro, artista e porta voz do grupo, Sacilotto, Lothar Charoux, Anatol Wladyslaw, Kazmer Féjer, Leopold Haar e Geraldo de Barros. Este grupo queria criar formas novas de princípios novos, baseavam-se numa teoria rigorosa.
            Em 1956 é realizada no MAM, São Paulo, a I Exposição Nacional de Arte Concreta, ocasião que é lançado o Manifesto da Poesia Concreta (interação de conceber o poema como um todo matematicamente planejado).
            Neste momento, as divergências entre os grupos concretistas Frente (Rio) e Ruptura (São Paulo) vêm à tona. Os artistas cariocas, sem abrir mão do vocabulário abstrato, querem liberdade de criação, sem o rigor dos paulistas.
            É o neoconcretismo, cujo manifesto aparece no catálogo da I Expo Neoconcreta (1959) com trabalhos de Amílcar de Castro, Ferreira Gular, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reinaldo Jardim e Théon Spanudis.

Os elementos principais do concretismo são:
  • Aspiração a uma linguagem de comunicação universal, com autonomia da arte com o mundo exterior.
  • Integração do trabalho de arte na produção industrial, crença na tecnologia.
  • Função social, informação a todos, aplicação em todas as áreas de comunicação visual, ao artista cabe contribuir de modo abrangente  para a socialização da boa forma, no design, na tipografia, etc.
  • Utilização tanto no suporte como na matéria prima de materiais industrializados, produzidos em série, como ferro, alumínio, tinta esmalte, etc.
  • Baseiam-se no rigor geométrico, na matemática, que estrutura ritmos e relações.
  • Eliminam o gesto, o sinal da mão. O desenho é preciso, feito com régua e compasso.
  • O concretismo conhece seu período mais ativo nos anos 50.

           LUIZ SACILOTTO (1924-2003) - Nasceu em Santo André, no ABC Paulista, em 1924, filho de imigrantes italianos. Formou-se no Instituto Profissional Masculino, no Brás, onde estudou técnicas diversas relacionadas às artes e ofícios, como desenho e pintura.
            Seu primeiro emprego, aos 17 anos, foi como desenhista de letras de alta precisão. Durante muito tempo atuou como desenhista técnico, trabalhou em escritórios de arquitetura e projetou esquadrias de alumínio para produção em série.
            Desenhava nas horas vagas, e seu aprendizado veio principalmente pelo seu profundo interesse em artes plásticas e pelas conversas com os amigos, também artistas. No início, seus trabalhos são figurativos. Paisagens e retratos de tendência expressionista, mas a partir de 1947 realiza suas primeiras experiências no domínio da abstração geométrica, sendo um dos pioneiros da arte concreta no País.
            Participa de exposições em São Paulo e no Rio de Janeiro, e em 1951, com apenas 27 anos, participa da I Bienal Internacional de São Paulo, estará presente ainda na II, III, IV, VI e VII Bienais Internacionais de São Paulo.
            Em 1952, participa da XXVI Bienal de Veneza e, em dezembro do mesmo ano, é um dos signatários do Manifesto do Grupo Ruptura, em São Paulo, e expõe com eles no MAM, SP.
            Em 1956, participa da I Exposição Nacional e Arte Concreta em São Paulo e no ano seguinte no Rio de Janeiro.
            Em 1960 está presente na Exposição Internacional de Arte Concreta, organizada por Max Bill Zurique, na Suíça, que projeta nossos artistas internacionalmente. É homenageado em 1968 com Sala Especial no I Salão de Arte Contemporânea de Santo André. Interrompe temporariamente seu trabalho criativo, e dedica-se à sua própria empresa de esquadrias metálicas. Recomeça com alguns estudos em guache e experimenta na década de 70 novas linguagens, como a serigrafia. A serigrafia é uma técnica plana em gravura, utilizada na indústria e feita com tinta gráfica, como silk em camisetas.
            Como figura central do concretismo continuou a participar de exposições nacionais e internacionais, ganhou vários prêmios, retrospectivas e teve suas obras expostas nos principais museus e coleções particulares.
            Sacilloto foi pintor, desenhista e precursor da escultura de vanguarda. Desde a década de 50 conquistava e pensava o espaço tridimensional a partir de desdobramentos do plano, revelando a complexidade do simples. Usava materiais industriais, como chapas de alumínio, de latão, de ferro, que ele cortava e dobrava, em constantes variações. Sua obra reflete seu pensamento claro e ordenado. Faleceu no dia 9 de fevereiro de 2003 no ABC paulista.

16. SURREALISMO

            Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira fantasiosa na realidade.
O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico.
            Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle.
A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas totalmente isentas de contradições.
            A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja, qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o subconsciente.
            O Surrealismo apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo. No entanto, se os dadaístas propunham apenas a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que viviam e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases. Os surrealistas pretendiam, dessa forma, atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente e do inconsciente. A fantasia, os estados de tristeza e melancolia exerceram grande atração sobre os surrealistas, e nesse aspecto eles se aproximam dos românticos, embora sejam muito mais radicais.

Principais artistas

            Salvador Dali - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas surrealistas. Estudou em Barcelona e depois em Madri, na Academia de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca e Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta. Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a se interessar pela psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a sua
obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi fundamental para sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton e se entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme O Cão Andaluz, que fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o conceito de “paranóia critica“  para referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas .Segundo ele, é preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos anos 30 foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes mestres. Instalou seu ateliê em Roma, embora continuasse viajando. Depois de conhecer em Londres Sigmund Freud, fez uma viagem para a América, onde
publicou sua biografia A Vida Secreta de Salvador Dali (1942). Ao voltar, se estabeleceu definitivamente em Port Lligat com Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo Paul Éluard. Desde 1970 até sua morte dedicou-se ao desenho e à construção de seu museu. Além da pintura ele desenvolveu esculturas e desenho de jóias e móveis.
            Joan Miró - iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja, em Barcelona. Em 1912 entrou para a escola de arte de Francisco Gali, onde conheceu a obra dos impressionistas e fauvistas franceses. Nessa época, fez amizade com Picabia e pouco depois com Picasso e seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante algum tempo. Em 1920 Miró instalou-se em Paris (embora no verão voltasse para Montroig), onde se formara um grupo de amigos pintores, entre os quais estavam Masson, Leiris, Artaud e Lial. Dois anos depois adquiriu forma La masía, obra fundamental em seu desenvolvimento estilístico posterior e na qual Miró demonstrou uma grande precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou radicalmente. Breton falava dela como o máximo do surrealismo e se permitiu destacar o artista como um dos grandes gênios solitários do século XX e da história da arte. A famosa magia de Miró se manifesta nessas telas de traços nítidos e formas sinceras na aparência, mas difíceis de serem elucidadas, embora se apresentem de forma amistosa ao observador. Miró também se dedicou à cerâmica e à escultura, nas quais extravasou suas inquietações pictóricas.

Para seu conhecimento
             “O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões fundamentais da vida?” (fragmento do Manifesto do Surrealismo de André Breton, francês que lançou o movimento).
No mesmo manifesto, Breton define Surrealismo: "Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento".

17. COBRA

            Movimento artístico criado na Holanda, Sigla de Copenhague-Bruxelas-Amsterdam, grupo artístico europeu que surgiu entre 1948 e 1951. Ligado esteticamente ao expressionismo figurativo, teve como principais representantes Asger Jorn, Karel Appel e Pierre Alechinski. Assim como as obras de Jackson Pollock essa pintura é gestual, livre, violenta na escolha de cores e texturas.

Principais Artistas:

            PIERRE ALECHINSKY, pintor e gravador belga. Um dos mais jovens integrantes do grupo Cobra, marcou sua obra pelo tachismo. Participou da XI Exposição Internacional do Surrealismo, em 1965.
            ASGER JORN, pintor dinamarquês. Sua obra é caracterizada pelo uso de cores vivas e formas distorcidas. Sofreu influência dos pintores James Ensor e Paul Klee.
            KAREL APPEL, pintor holandês. Criador de uma obra vigorosa e colorida, caracterizada pela figuração rude e simplificada. Realizou também esculturas em madeira e metal.

18. POP-ART

            Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação foi empregada pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura popular da civilização ocidental, sobretudo os que eram provenientes dos Estados Unidos.
            Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a tomar forma no final da década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras. 
            Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade. 
            Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, ela operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo em que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop Art. Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda, e tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a transformação do considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das massas, desmitificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos.

Principais Artistas:

             Rauschenberg (1925) Depois das séries de superfícies brancas ou pretas reforçadas com jornal amassado do início da década de 1950, Rauschenberg criou as pinturas "combinadas", com garrafas de Coca-Cola, embalagens de produtos industrializados e pássaros empalhados.
Por volta de 1962, adotou a técnica de impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas a grandes extensões da tela e unificava a composição por meio de grossas pinceladas de tinta. Esses trabalhos tiveram como temas episódios da história americana moderna e da cultura popular.
            Roy Lichtenstein (1923-1997). Seu interesse pelas histórias em quadrinhos como tema artístico começou provavelmente com uma pintura do camundongo Mickey, que realizou em 1960 para os filhos. Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características das histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, por exemplo, uma técnica pontilhista para simular os pontos reticulados das historietas. Cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço negro, contribuíam para o intenso impacto visual.
            Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a linguagem e as formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do contexto de uma história, aparecem como imagens frias, intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. O resultado é a combinação de arte comercial e abstração.
            Andy Warhol (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais controvertida do pop art, Warhol mostrou sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro.
            Produziu filmes e discos de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas e uma revista mensal.

NO BRASIL

            A década de 60 foi de grande efervescência para as artes plásticas no pais. Os artistas brasileiros também assimilaram os expedientes da pop art como o uso das impressões em silkscreen e as referências aos gibis. Dentre os principais artistas estão Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende, De Tozzi, Aguilar e Antonio Henrique Amaral.
             A obra de Andy Warhol expunha uma visão irônica da cultura de massa. No Brasil, seu espírito foi subvertido, pois, nosso pop usou da mesma linguagem, mas transformou-a  em instrumento de denúncia política e social.

19. OP-ART

            A expressão “op-art” vem do inglês (optical art) e significa “arte óptica”. Defendia para arte "menos expressão e mais  visualização". Apesar do rigor com que é construída, simboliza um mundo precário e instável, que se modifica a cada instante.
            Apesar de ter ganhado força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art; em comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das ciências do que das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto as da ciência e da tecnologia.

Principais artistas:

            Alexander Calder (1898-1976) - Criou os móbiles associando os retângulos coloridos das telas de Mondrian à idéia do movimento. Os seus primeiros trabalhos eram movidos manualmente pelo observador. Mas, depois de 1932, ele verificou que se mantivesse as formas suspensas, elas se movimentariam pela simples ação das correntes de ar. Embora, os móbiles pareçam simples, sua montagem é muito complexa, pois exige um sistema de peso e contrapeso muito bem estudado para que o movimento tenha ritmo e sua duração se prolongue.
            Victor Vassarely - criou a plástica cinética que se funda em pesquisas e experiências dos fenômenos de percepção ótica. As suas composições se constituem de diferentes figuras geométricas, em preto e branco ou coloridas. São engenhosamente combinadas, de modo que através de constantes excitações ou acomodações retinianas provocam sensações de velocidade e sugestões de dinamismo, que se modificam desde que o contemplador mude de posição. O geometrismo da composição, ao qual não são estranhos efeitos luminosos, mesmo quando em preto e branco, parece obedecer a duas finalidades. Sugerir facilidades de racionalização para a produção mecânica ou para a multiplicidade, como diz o artista; por outro lado, solicitar ou exigir a participação ativa do contemplador para que a composição se realize completamente como "obra aberta". 

20. GRAFFITI

            Definido por Norman Mailler como" uma rebelião tribal contra a opressora civilização industrial" e, por outros, como "violação, anarquia social, destruição moral, vandalismo puro e simples", o Grafite saiu do seu gueto - o metrô - e das ruas das galerias e museus de arte, instalando-se em coleções privadas e cobrindo com seus rabiscos e signos os mais variados objetos de consumo.
            A primeira grande exposição de Grafite foi realizada em 1975 no "Artist's Space", de Nova York, com apresentação de Peter Schjeldahl, mas a consagração veio com a mostra "New York/New Wave" organizada por Diego Cortez, em 1981, no PS 1, um dos principais espaços de vanguarda de Nova York. 

Características gerais:
* Spray art - pichação de signos, palavras ou frases de humor rápido, existe a valorização do desenho.
* Stencil art - o grafiteiro utiliza um cartão com formas recortadas que, ao receber o jato de spray, só deixa passar a tinta pelos orifícios determinados, valoriza-se a cor. 

Principal artista:

            Jean Michel Basquiat  - (1960-1988), nascido no Haiti, iniciou sua carreira grafitando as paredes e muros de Nova York. Seus grafites mostravam símbolos de variadas culturas, de obras famosas, e principalmente ícones da cultura e consumo americanos, principalmente no contexto político e social. As temáticas do seu trabalho refletem suas preocupações, como o genocídio, a opressão e o racismo. Com 21 anos participou da sua primeira coletiva em Nova York. Foi patrocinado por Andy Warhol (Pop Art), a partir daí virou celebridade. Morreu prematuramente em virtude de depressão e drogas. 
            No Brasil, destacam-se os artistas: Alex Vallauri, Waldemar Zaidler e Carlos Matuck, também se destacam artistas de vanguarda como: Os Gêmeos: Otávio e Gustavo, Boleta, Nunca, Nina, Speto, Tikka e T. Freak

21. INTERFERÊNCIA

            Como a pintura já não é claramente definível e deixou de ser a única fornecedora de memoráveis imagens visuais. Alguns artistas interferem na paisagem, colocam cortinas, guarda-sóis, embrulhos em locais públicos.
            Atualmente, ressaltamos Christo, o único artista que se destaca com suas interferências.
Obras Destacadas:: Cortina no Vale, Ponte Neuf (Paris) embrulhada para presente, Guarda-sóis colocados em um vale da Califórnia e mais recentemente o Reichstag (Parlamento Germânico em 1988 - Berlim), que foi envolvido em tecido sintético com duração de duas semanas. 

22. INSTALAÇÃO

            São ampliações de ambientes que são transformados em cenários do tamanho de uma sala.
É utilizada a pintura, juntamente com a escultura e outros materiais, para ativar o espaço arquitetônico.
            O espectador participa da obra, e não somente à aprecia.
            Obra Destacada: Homenagem a Chico Mendes do artista Roberto Evangelista.
 
Visite o site oficial do artista Christo e Jeanne Claude

23. ARTE NAÏF

            É a arte da espontaneidade, da criatividade autêntica, do fazer artístico sem escola nem orientação, portanto é instintiva e onde o artista expande seu universo particular. Claro que, como numa arte mais intelectualizada, existem os realmente marcantes e outros nem tanto. 
            Art Naif (arte ingênua) é o estilo a que pertence a pintura de artistas sem formação sistemática. Trata-se de um tipo de expressão que não se enquadra nos moldes acadêmicos, nem nas tendências modernistas, nem tampouco no conceito de arte popular. 
            Esse isolamento situa o art Naif numa faixa próxima à da arte infantil, da arte do doente mental e da arte primitiva, sem que, no entanto, se confunda com elas.
            Assim, o artista Naif é marcadamente individualista em suas manifestações mais puras, muito embora, mesmo nesses casos, seja quase sempre possível descobrir-lhes a fonte de inspiração na iconografia popular das ilustrações dos velhos livros, das folhinhas suburbanas ou das imagens de santos. Não se trata, portanto, de uma criação totalmente subjetiva, sem nenhuma referência cultural.
            O artista naïf não se preocupa em preservar as proporções naturais nem os dados anatômicos corretos das figuras que representa.

Características gerais:
· Composição plana, bidimensional, tende à simetria e a linha é sempre figurativa
· Não existe perspectiva geométrica linear.
· Pinceladas contidas com muitas cores.

Principal Artista:

            Henri Rousseau (1844-1910), homem de pouca instrução geral e quase nenhuma formação em pintura. Em sua primeira exposição foi acusado pela crítica de ignorar regras elementares de desenho, composição e perspectiva, e de empregar as cores de modo arbitrário. Estreou com uma original obra-prima, "Um dia de carnaval", no Salão dos Independentes. Criou exóticas paisagens de selva que lembram tramas de sonho e parecem motivadas pelos sentimentos mais puros. Nos primeiros anos do século XX, após despertar a admiração de Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Pablo Picasso, Robert Delaunay e outros intelectuais e artistas, seu trabalho foi reconhecido em Paris e posteriormente influenciou o surrealismo.

Fonte: