16 de dezembro de 2011

Teatro Brasileiro



Teatro de Catequese

         A história do teatro no Brasil iniciou com a chegada dos jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega. Estes adquiriam ensinamentos teatrais e os consideravam eficazes no processo da catequese e também em lugar dos tradicionais sermões. Mesclavam então costumes, máscaras, pinturas e o cotidiano para aplicar os ensinamentos religiosos. Os espetáculos litúrgicos se tornavam belos com flores nativas, figuras alegóricas, bichos e alcançavam a proposta de evangelização, amor e temor a Deus.
         Os missionários aprendiam a língua nativa para que o aprendizado do português e do espanhol também fosse adquirido pelos nativos. Com a crescente aceitação da prática teatral, indígenas e colonos foram seduzidos e encenavam a partir de 1557 autos e peças teatrais religiosas, trazidas de Portugal, nas datas festivas e eventos especiais.
         Com o passar do tempo, a produção dramatúrgica foi ganhando espaço e conquistando uma platéia mais diversificada de autoridades, famílias, colonos e índios. Foram fundados os colégios da Companhia de Jesus, dos jesuítas, onde a atividade teatral era sempre estimulada e revestida de valores morais. As encenações das tragédias e comédias eram raras. As personagens femininas eram interpretadas por homens travestidos, uma vez que as mulheres eram proibidas de participar.
         As apresentações aconteciam nas praças, nas ruas, nas praias e nos colégios. A obra prima de José de Anchieta foi na Festa de São Lourenço. Outras apresentações podem ser citadas: Auto da Crisma, Auto das Onze Mil Virgens, Auto da Pregação Universal.

Do Teatro Colonial a meados do século XVIII
         Existe uma lacuna enorme, de quase dois séculos, entre o período do Teatro de Catequese e a evolução do teatro brasileiro até o século XVIII. Na verdade, a decadência da vida cultural ocorreu devido às modificações sociais por que passava o Brasil e posteriormente os conflitos políticos, guerras contra os franceses no Maranhão, contra os holandeses na Bahia e Pernambuco, e ainda o conflito entre os colonos e jesuítas.
         Em meados do século XVIII, a dramaturgia começou a ganhar impulso e até um certo humor, apesar de ainda sofrer influência do teatro francês e italiano. Perdurou a tradição dos espetáculos nos conventos, nas igrejas ou palácios.
         Em 1717, foram encenadas duas comédias, El conde Lucanor e Afectos de odio y amor. No ano de 1760 foi construído na Bahia o primeiro teatro público brasileiro, o teatro da praia. Mais tarde, o Rio de Janeiro se tornou o grande centro cultural do teatro brasileiro. Nos dias das apresentações os tocadores de pífanos e tambores anunciavam o evento não só para a classe social privilegiada que chegava em belas carruagens, mas também para o povo.

Meados do século XVIII a XIX
         Da segunda metade do século XVIII até as primeiras décadas do século XIX, o teatro apenas sobreviveu. Com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, refugiando-se da invasão napoleônica, refletiu-se um processo de transformação na atividade teatral. A corte de Lisboa acostumada à intensa vida cultural européia estimulou D. João VI a ordenar a construção de um teatro que verdadeiramente acolhesse os nobres e visitantes estrangeiros. O novo teatro foi inaugurado na presença da família real e de toda a corte, com o nome de Real Teatro de São João, no dia 12 de outubro de 1813, por ocasião do aniversário do rei.
         A seguir, nas primeiras décadas do século XIX foram construídos teatros menores. Também na Bahia, Pernambuco, Maranhão e São Paulo a vida cultural ganhou seus teatros, casa de ópera, com a interpretação de atores locais, na maioria mulatos. Com a chegada das companhias estrangeiras, as aptidões foram se desenvolvendo. Os figurinos refletiam as tradições do século anterior e os cenários evoluíram graças aos pintores locais e a influência do mestre Debret, que estava em missão no Brasil introduzindo o estudo das artes plásticas.

Século XIX - A Comédia Brasileira e o Teatro de Costumes
         O início da Comédia Brasileira foi marcado pela obra O Juiz de Paz na Roça, de Martins Pena, o fundador do Teatro de Comédia de Costumes, em 1838. Com um tema de marcante nacionalidade, provocou o início do processo de libertação das influências da cultura européia e incentivou futuras encenações de temas da cultura nacional.
         O Teatro de Costumes revelou uma identidade popular, sem grandes pretensões e pouca preocupação com a estética, mas deixou uma marca autêntica do teatro nacional do século passado. Geralmente era composto por apenas um ato e apresentava personagens, situações e costumes tipicamente brasileiros. Revelava diálogos simples, enfocava problemas da época, tramas amorosas e muitas comédias satirizavam os costumes rurais e urbanos, conquistando a simpatia do público.

Século XIX - Teatro Romântico
         Muitas peças foram influenciadas pelo Romantismo, movimento literário em evidência na época. A primeira peça escrita por um brasileiro foi a tragédia Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães, de 1838, encenada pelo primeiro grande ator brasileiro, João Caetano dos Santos. Com a encenação dessa obra foi dado o primeiro grande passo para um teatro verdadeiramente brasileiro. Mais tarde, João Caetano lançou Lições Dramáticas, um documento que traduzia o teatro da época.

Século XIX - Teatro Realista
         O Teatro Realista retratava a realidade do povo brasileiro, enfatizando os principais problemas sociais. Os personagens eram trabalhadores e pessoas simples. Os grandes autores dessa fase da dramaturgia nacional são Artur de Azevedo (O Mandarim, 1884), José de Alencar (O Demônio Familiar, 1857) Machado de Assis (Quase Ministro, 1863), Joaquim Manuel de Macedo (Luxo e Vaidade, 1860) e França Junior.

Século XX - Teatro Modernista
         O início do século XX marcou o período mais crítico do teatro brasileiro. Os textos apresentavam uma linguagem antiteatral, sofisticada, extremamente acadêmica, com destaque para Goulart de Andrade. Mesmo assim registrou a consagração de grandes atores tais como Procópio Ferreira e Dulcina de Morais e dramaturgos renomados como Oswald de Andrade (O Rei da Vela, A Mostra, O Homem e o Cavalo) e Joracy Camargo (Deus lhe Pague). O movimento modernista de 1922 investiu contra essa realidade da época e lançou o desafio de novas concepções estéticas, procurou romper com a arte voltada para a Europa e tentou inovar, invocando a valorização da arte e da cultura brasileira.
         Essa renovação fez surgir importantes grupos teatrais: Os Comediantes, o TBC - Teatro Brasileiro de Comédia, O Tablado, Oficina e conseqüentemente grandes autores como Nelson Rodrigues e Maria Clara Machado, e grandes artistas como Cacilda Becker, Tonia Carrero, Sergio Cardoso, Paulo Autran, Fernanda Montenegro e muitos mais.

Teatro de Revista
         Nos anos 30 e 40, um gênero teatral alcançou o auge do sucesso e dominou os palcos brasileiros - o teatro de revista.
         Originou da Companhia de Teatro de Vaudeville (França). Encenava números musicais, com dançarinas de pouca roupa e números que satirizavam personalidades de destaque da vida pública.
         Com o passar dos anos, foi ficando mais ousado e chegou a ser chamado "teatro rebolado". Já nos anos 40, as superproduções mantinham as características iniciais, acrescidas de textos de humor picante, imitações e trocadilhos, alcançando o reconhecimento do seu valor artístico junto à crítica teatral.
         Surgem as grandes vedetes, Virgínia Lane, Brigitte Blair, Angelita Martinez, Mara Rúbia e as estrelas da noite, Grande Otelo, Oscarito, Ankito, Dercy Gonçalves, interpretando "personagens-clichês", como o malandro carioca, a mulata, o português.
         Esta época áurea dos brilhos e paetês resistiu até o início da década de 60, sendo sufocada pela modernidade da televisão e despersonalizada pela censura dos governantes militares.

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