Teatro de Catequese
A história do
teatro no Brasil iniciou com a chegada dos jesuítas José de Anchieta
e Manuel da
Nóbrega. Estes adquiriam ensinamentos teatrais e os consideravam eficazes
no processo da catequese e também em lugar dos tradicionais sermões. Mesclavam
então costumes, máscaras, pinturas e o cotidiano para aplicar os ensinamentos
religiosos. Os espetáculos litúrgicos se tornavam belos com flores nativas,
figuras alegóricas, bichos e alcançavam a proposta de evangelização, amor e
temor a Deus.
Os
missionários aprendiam a língua nativa para que o aprendizado do português e do
espanhol também fosse adquirido pelos nativos. Com a crescente aceitação da
prática teatral, indígenas e colonos foram seduzidos e encenavam a partir de
1557 autos e peças teatrais religiosas, trazidas de Portugal, nas datas
festivas e eventos especiais.
Com o passar
do tempo, a produção dramatúrgica foi ganhando espaço e conquistando uma
platéia mais diversificada de autoridades, famílias, colonos e índios. Foram
fundados os colégios da Companhia de Jesus, dos jesuítas, onde a atividade
teatral era sempre estimulada e revestida de valores morais. As encenações das
tragédias e comédias eram raras. As personagens femininas eram interpretadas
por homens travestidos, uma vez que as mulheres eram proibidas de participar.
As
apresentações aconteciam nas praças, nas ruas, nas praias e nos colégios. A
obra prima de José de Anchieta foi na Festa de São Lourenço. Outras
apresentações podem ser citadas: Auto da Crisma, Auto das Onze Mil Virgens,
Auto da Pregação Universal.
Do Teatro Colonial a
meados do século XVIII
Existe uma
lacuna enorme, de quase dois séculos, entre o período do Teatro de Catequese e
a evolução do teatro brasileiro até o século XVIII. Na verdade, a decadência da
vida cultural ocorreu devido às modificações sociais por que passava o Brasil e
posteriormente os conflitos políticos, guerras contra os franceses no Maranhão,
contra os holandeses na Bahia e Pernambuco, e ainda o conflito entre os colonos
e jesuítas.
Em meados do
século XVIII, a dramaturgia começou a ganhar impulso e até um certo humor,
apesar de ainda sofrer influência do teatro francês e italiano. Perdurou a
tradição dos espetáculos nos conventos, nas igrejas ou palácios.
Em 1717, foram
encenadas duas comédias, El conde Lucanor e Afectos de odio y amor. No ano de
1760 foi construído na Bahia o primeiro teatro público brasileiro, o teatro da
praia. Mais tarde, o Rio de Janeiro se tornou o grande centro cultural do
teatro brasileiro. Nos dias das apresentações os tocadores de pífanos e
tambores anunciavam o evento não só para a classe social privilegiada que
chegava em belas carruagens, mas também para o povo.
Meados do século XVIII
a XIX
Da segunda
metade do século XVIII até as primeiras décadas do século XIX, o teatro apenas
sobreviveu. Com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, refugiando-se
da invasão napoleônica, refletiu-se um processo de transformação na atividade
teatral. A corte de Lisboa acostumada à intensa vida cultural européia estimulou
D. João VI a ordenar a construção de um teatro que verdadeiramente acolhesse os
nobres e visitantes estrangeiros. O novo teatro foi inaugurado na presença da
família real e de toda a corte, com o nome de Real Teatro de São João, no dia
12 de outubro de 1813, por ocasião do aniversário do rei.
A seguir, nas
primeiras décadas do século XIX foram construídos teatros menores. Também na
Bahia, Pernambuco, Maranhão e São Paulo a vida cultural ganhou seus teatros,
casa de ópera, com a interpretação de atores locais, na maioria mulatos. Com a
chegada das companhias estrangeiras, as aptidões foram se desenvolvendo. Os
figurinos refletiam as tradições do século anterior e os cenários evoluíram
graças aos pintores locais e a influência do mestre Debret, que estava em
missão no Brasil introduzindo o estudo das artes plásticas.
Século XIX - A Comédia
Brasileira e o Teatro de Costumes
O início da
Comédia Brasileira foi marcado pela obra O Juiz de Paz na Roça, de Martins Pena, o
fundador do Teatro de Comédia de Costumes, em 1838. Com um tema de marcante
nacionalidade, provocou o início do processo de libertação das influências da
cultura européia e incentivou futuras encenações de temas da cultura nacional.
O Teatro de
Costumes revelou uma identidade popular, sem grandes pretensões e pouca
preocupação com a estética, mas deixou uma marca autêntica do teatro nacional
do século passado. Geralmente era composto por apenas um ato e apresentava
personagens, situações e costumes tipicamente brasileiros. Revelava diálogos
simples, enfocava problemas da época, tramas amorosas e muitas comédias
satirizavam os costumes rurais e urbanos, conquistando a simpatia do público.
Século XIX - Teatro
Romântico
Muitas peças
foram influenciadas pelo Romantismo,
movimento literário em evidência na época. A primeira peça escrita por um
brasileiro foi a tragédia Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de Gonçalves
de Magalhães, de 1838, encenada pelo primeiro grande ator brasileiro, João Caetano dos
Santos. Com a encenação dessa obra foi dado o primeiro grande passo para um
teatro verdadeiramente brasileiro. Mais tarde, João Caetano lançou Lições
Dramáticas, um documento que traduzia o teatro da época.
Século XIX - Teatro
Realista
O Teatro
Realista retratava a realidade do povo brasileiro, enfatizando os principais
problemas sociais. Os personagens eram trabalhadores e pessoas simples. Os
grandes autores dessa fase da dramaturgia nacional são Artur de Azevedo
(O Mandarim, 1884), José de
Alencar (O Demônio Familiar, 1857) Machado
de Assis (Quase Ministro, 1863), Joaquim Manuel de Macedo
(Luxo e Vaidade, 1860) e França Junior.
Século XX - Teatro
Modernista
O início do
século XX marcou o período mais crítico do teatro brasileiro. Os textos
apresentavam uma linguagem antiteatral, sofisticada, extremamente acadêmica,
com destaque para Goulart de
Andrade. Mesmo assim registrou a consagração de grandes atores tais como Procópio
Ferreira e Dulcina
de Morais e dramaturgos renomados como Oswald de Andrade
(O Rei da Vela, A Mostra, O Homem e o Cavalo) e Joracy Camargo
(Deus lhe Pague). O movimento modernista de 1922 investiu contra essa realidade
da época e lançou o desafio de novas concepções estéticas, procurou romper com
a arte voltada para a Europa e tentou inovar, invocando a valorização da arte e
da cultura brasileira.
Essa renovação
fez surgir importantes grupos teatrais: Os Comediantes,
o TBC - Teatro Brasileiro
de Comédia, O Tablado,
Oficina e
conseqüentemente grandes autores como Nelson Rodrigues
e Maria
Clara Machado, e grandes artistas como Cacilda Becker, Tonia Carrero, Sergio Cardoso,
Paulo Autran,
Fernanda
Montenegro e muitos mais.
Teatro de Revista
Nos anos 30 e
40, um gênero teatral alcançou o auge do sucesso e dominou os palcos
brasileiros - o teatro de revista.
Originou da
Companhia de Teatro de Vaudeville (França). Encenava números musicais, com
dançarinas de pouca roupa e números que satirizavam personalidades de destaque
da vida pública.
Com o passar
dos anos, foi ficando mais ousado e chegou a ser chamado "teatro
rebolado". Já nos anos 40, as superproduções mantinham as características
iniciais, acrescidas de textos de humor picante, imitações e trocadilhos,
alcançando o reconhecimento do seu valor artístico junto à crítica teatral.
Surgem as
grandes vedetes, Virgínia Lane, Brigitte Blair, Angelita Martinez, Mara Rúbia e
as estrelas da noite, Grande Otelo, Oscarito, Ankito, Dercy Gonçalves,
interpretando "personagens-clichês", como o malandro carioca, a
mulata, o português.
Esta época
áurea dos brilhos e paetês resistiu até o início da década de 60, sendo
sufocada pela modernidade da televisão e despersonalizada pela censura dos
governantes militares.
Fonte: