Pré-História
A dança foi uma das primeiras formas de
expressão artística e pessoal.
Pinturas
de dançarinos foram encontradas em paredes de cavernas na África e no sul da
Europa na pré-história. Estas pinturas podem ter mais de 20 mil anos. As
cerimônias religiosas que combinavam dança, música e dramatizações,
provavelmente desempenharam um papel importante na vida do homem pré-histórico.
Estas cerimônias devem ter sido
realizadas para reverenciar os deuses e pedir-lhes mais sucesso nas caçadas e
lutas. As danças também podiam realizar-se por outras razões: como nascimento,
curar um enfermo ou lamentar uma morte.
Os
sociólogos acreditam que a dança exerceu um papel importante na caça e em
muitas outras atividades da vida pré-histórica. Os cientistas estudam as danças
de várias culturas porque as formas de dança de um povo podem revelar muita
coisa sobre seu modo de vida.
Idade Antiga
Tanto as danças sagradas como as
profanas existiam na Antigüidade, principalmente nas regiões junto ao mar do
Mediterrâneo e no Oriente Médio. As pinturas, esculturas e escritos do antigo
Egito fornecem informações sobre os primórdios da dança egípcia. Este povo
dedicava-se principalmente à agricultura, por isso suas festas religiosas mais
importantes se concentravam em danças para homenagear Osíris, o deus da
vegetação. A dança também servia como entretenimento. Os escravos, por exemplo,
dançavam para divertir as famílias ricas e seus convidados.
Os gregos antigos consideravam a dança
essencial para a educação, para o culto e para o teatro. O filósofo grego
Platão aconselhava que todos os cidadãos gregos aprendessem a dançar para desenvolver
o autocontrole e o desembaraço na arte da guerra. Danças com armas faziam parte
da educação dos jovens de Atenas e Esparta. Danças sociais eram realizadas em
ocasiões festivas.
As danças religiosas desempenharam
importante papel no nascimento do teatro grego. No século IV a.C., peças de
teatro chamadas tragédias tiveram origem numa cerimônia de hinos e danças em
homenagem a Dionísio, o deus do vinho. A emélia, uma dança cheia de dignidade
executada nas tragédias, compreendia uma série de gestos conhecidos. Um
bailarino experiente podia relatar todo o enredo da peça através desses gestos.
As peças humorísticas chamadas sátiras, e as comédias gregas, incluíam músicas
alegres.
Quando os romanos conquistaram a
Grécia, em 197 a.C., tinham adquirido grande parte da cultura grega, inclusive
a dança. Os artistas romanos dançavam ao mesmo tempo em que faziam números de
acrobacia e mágica. Alguns romanos importantes, apesar da popularidade da dança,
a desaprovavam. Cícero, o famoso orador dizia: "Nenhum homem dança, a
menos que esteja louco ou embriagado".
Muitas tribos da América do Norte
dançavam para pedir chuvas e uma boa colheita. Várias danças religiosas ainda
são realizadas atualmente.
Na Austrália, algumas tribos de
aborígenes seguem o antigo costume de imitar os gestos da caça durante uma
dança religiosa realizada antes da caçada. Em alguns vilarejos ingleses, as
crianças dançam em torno de um mastro com fitas numa festa para celebrar a
chegada da primavera, no dia 1 de maio. Esse costume vem das antigas danças
religiosas dos romanos, que dominavam a Inglaterra do ano 43 d.C. até
princípios do século V. No dia 1 de maio os romanos cultuavam Flora, a deusa
romana da primavera, dançando em torno de um mastro enfeitado com flores.
Idade Média
Durante a Idade Média, aproximadamente
do século V até o século XIV, o cristianismo tornou-se a força mais influente
na Europa. Foram proibidas as danças teatrais, por representantes da Igreja,
pois algumas delas apresentavam movimentos muito sensuais. Mas os dançarinos
ambulantes continuaram a se apresentar nas feiras e aldeias mantendo a dança
teatral viva. Em torno do século XIV, as associações de artesãos promoviam a
representação de elaboradas peças religiosas, nas quais a dança era uma das
partes mais populares.
Quando ocorreu a peste negra, uma
epidemia que causou a morte de um quarto da população, o povo cantava e dançava
freneticamente nos cemitérios; eles acreditavam que essas encenações afastavam
os demônios e impediam que os mortos saíssem dos túmulos e espalhassem a
doença. Isto ocorreu no século XIV.
Durante toda a Idade Média, os europeus
continuaram a festejar casamentos, feriados e outras ocasiões festivas com
danças folclóricas, como a dança da corrente, que começou com os camponeses e
foi adotada pela nobreza, numa forma mais requintada, sendo chamada de carola.
No final da Idade Média a dança tornou-se parte de todos os acontecimentos
festivos.
Renascimento
A Renascença, que começou na Itália em
torno de 1300 e espalhou-se por quase toda a Europa, por volta de 1600, foi um
período de grande desenvolvimento cultural. Na Itália, os nobres contratavam
mestres de dança profissionais para criar espetáculos de corte que incluíam
danças chamadas balli ou balletti. Compositores importantes compunham a música
e artistas de grande talento, inclusive Leonardo da Vinci, criavam as roupas e
efeitos especiais, para os membros da corte poderem oferecer espetáculos uns
aos outros.
Catarina de Médicis, membro da família
que governava Florença, na Itália, tornou-se rainha da França em 1547, e levou
para a corte francesa a dança e os espetáculos italianos. Para um casamento
real em 1581, Catarina contratou um grupo de artistas italianos para ir a Paris
e criar o magnífico Balé Cômico da Rainha, que pode ser considerado a primeira
forma de balé. Ela foi muito imitada em toda a Europa.
Além de produzir espetáculos, os
mestres de dança ensinavam danças sociais à nobreza, como por exemplo a
saltitante galharda, a solene pavana e a alegre volta. A dança tinha também um
significado filosófico durante a Renascença: muitas pessoas acreditavam que a
harmonia de movimentos da dança refletia a harmonia no governo, na natureza e
no universo.
O Rei Luís XIV da França, que viveu de
1638 a 1715, incentivou muito o desenvolvimento do balé. Seu apoio às artes
tornou a França, o centro cultural da Europa. Ele próprio dançou
entusiasticamente, durante 20 anos, nos balés da corte. Um dos seus papéis
favoritos, o de Apolo, deus grego do sol, deu-lhe o apelido famoso de "Rei
Sol".
Em seu reinado, o balé veio a ter seus
próprios intérpretes profissionais e a seguir um sistema formal de movimentos.
Aos poucos, os bailarinos foram se transferindo da corte para ao teatro. O
teatro tinha um arco de proscênio, que emoldurava o palco e os separava do
público.
Romantismo
O Romantismo foi um movimento artístico
que deu grande importância à individualidade e à liberdade de expressão
pessoal. Até então, a maioria dos balés girava em torno dos deuses e deusas,
mas com o Romantismo passaram a tratar de pessoas comuns. Muitos enredos de
balés do século XIX tinham como personagens seres imaginários, como fadas e
silfides (espíritos do ar).
No século XIX, grande parte das danças
sociais que se popularizaram na Europa e na América começou com o povo. Outra vez,
a nobreza em vez de lançar moda imitava os camponeses que dançavam valsas e
polcas.
Idade Moderna
A dança, desde 1900, vem apresentando
uma grande variedade de estilos e muitas formas experimentais, que começaram
com a dança moderna, baseada na liberdade de movimentos e expressão.
Atualmente, os estilos de balé incluem elementos de jazz, dança moderna e rock.
A dança teatral obteve o seu maior
sucesso comercial nos filmes e comédias musicais.
Grande número de novas danças populares
surgiram e desapareceram no século XX. Em torno de 1900, surgiu o cadewalk, com
seus passos altivos e pomposos. Alguns anos mais tarde, surgiu o tango, depois
o charleston (1920), nas décadas de 1930 e 1940 dançava-se o jitterbug e o
swing. Surgiu então o rock'n roll em meados de 1950 e com o seu surgimento, os
estilos de dança popular tornaram-se mais desenvoltos. Nas décadas de 1960 e
1970, os negros criaram o twist, o hustle e muitas outras danças que os brancos
adotaram com entusiasmo. Nestes últimos tipos de dança, os pares dançam juntos
e obedecem a uma seqüência marcada de passos. A dança é uma forma de arte que
cresce a cada dia, sempre e em todo lugar estão surgindo novas danças, novos
ritmos e novas combinações de passos.
A dança contemporânea é tudo aquilo que
se faz hoje dentro dessa arte, não importa o estilo, procedência, objetivos nem
a forma. Para ser contemporâneo não é preciso buscar novos caminhos. São
contemporâneos tanto os coreógrafos que usam a técnica de Balanchine ou Béjart,
como os que se inspiram em
Martha Graham ; eles se inspiram em qualquer fonte: sua visão
pessoal, a literatura e suas observações.
A dança caminha ao lado da humanidade e
de seus progressos, há uma grande riqueza à disposição do público, desde as grandes
obras românticas até o modernismo, passando pelas danças folclóricas e as
religiosas. Não é mais uma arte de elite, mas se transformou num meio de
diversão de todas as classes, já que é apresentada além do teatro, em
televisão, cinemas e praças.
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