Na
Europa é incerto o período em que o teatro de sombras foi inserido. Ele é
trabalhado mais como espetáculo do que um ritual propriamente dito, como
acontece no Oriente. Dois grupos teatrais trabalham com o teatro de sombras sob
um olhar contemporâneo: Le Phospènes (França) dirigido por Jean Pierre Lescot e
Teatro Gioco Vita (Itália) dirigido por Fabrizio Montecchi. Jean Pierre Lescot
trabalha com a linguagem de sombra no teatro contemporâneo, descobriu este
gênero teatral através de um espetáculo balinês, em 1968 na cidade de Paris.
Montou com a Cia. um espetáculo que trabalha a mobilidade das silhuetas e joga
com a cumplicidade da luz e transparência de tecidos destacando a
característica expressionista da imagem. Ele explora a imaterialidade e a magia
que a sombra remete, aproximando a linguagem a uma expressão relacionada a
sonhos. De acordo com o diretor teatral a sombra pode assumir várias
características quando ela se distancia ou se aproxima da tela, conseguindo
vibrar, ondular, desaparecer, ser opaca, translúcida, se deformar, ou ao
contrario tornar-se nítida e contrastante; e um espetáculo de sombras poderá
promover um momento em que sentiremos emoções reais se deixarmos de lado as
nossas idéias pré-definidas diante das coisas. Aqueles que assistem espetáculos
de sombras darão significados e importâncias subjetivas às coisas e perceberão
que o ato de descobrir/redescobrir nunca será inocente.
O
teatro Gioco Vita é um grupo teatral de animação que iniciou suas produções com
bonecos de vara, luvas e marionetes porém a partir de 1976 depois de um
encontro com o teatro de sombras de Jean-Pierre Lescot, num festival de
Charleville-Mezières , passou a se dedicar exclusivamente as pesquisas
referentes a linguagem das sombras. Em seus espetáculos o grupo faz a luz
variar sempre, seja em relação ao espaço, seja em relação às qualidades
técnicas dos focos de luminosos. As telas ou telões de luz de projeção passaram
a ser também móveis e com dimensões sempre surpreendentes. Atenção especial foi
dada a relação corpo do ator-manipulador, o boneco/ objetos e as suas
respectivas sombras.
As
grandes companhias teatrais contemporâneas estudam o teatro de sombras do
Oriente com objetivo de descobrir o significado que seu próprio trabalho
esconde. O Ocidente possui uma imensa distancia cultural que o separa do
Oriente. Por isso é importante buscar no nosso patrimônio cultural a nossa
razão de existência para dar sentido ao teatro de sombras Ocidental do
presente. No continente americano não se sabe com certeza o período de sua
origem, mas atualmente vários grupos do gênero estão em atividade espalhados
por todo o território. E no Brasil, ele é uma arte muito nova, ainda pouco
conhecido se comparado com a popularidade de outras variedades da linguagem do
teatro de animação. Porém é cada vez mais utilizado por diversos grupos
teatrais como recurso para enriquecimento de seus trabalhos. Núcleos teatrais
são referências com seus trabalhos da linguagem das sombras como: Cia Luzes e
Lendas de São Paulo, Marcello Santos da Cia. Karagöz K, Curitiba, Teatro Lumbra
do Rio Grande do Sul, Cia Teatral Caldeirão.
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